quarta-feira, 6 de agosto de 2025

 


Nos últimos dias, entrei em um desafio no clube de escrita em que participo e precisava escrever um texto em dez minutos e saíram essas palavras em relação ao tempo curar tudo, menos o dia seguinte.

Estava começando a pensar sobre o que eu poderia escrever em dez minutos, então comecei a pensar nas coisas que eu precisaria fazer amanhã e minha mente ficou bem confusa sobre o que eu deveria escrever.

Novamente, o dia seguinte martelou na minha cabeça e então me lembrei que tudo passa, menos o dia seguinte. Talvez, você possa pensar que eu estou louca, que ele só não passa para quem perde a vida no hoje. No entanto, neste texto quero falar sobre sentimentos, perdas, lágrimas.

Existem momentos em nossas vidas que são muito dolorosos como a perda de um pessoa querida que falece ou quando uma pessoa ou mesmo um animal desaparece. E tem também quando um relacionamento termina ou acontece a perda de um emprego, posso estar sendo muito louca mesmo, mas o pior dia para mim nunca é o dia da notícia, mas sim o dia seguinte. É no dia seguinte, que o sol volta a clarear as ruas e as pessoas saem para trabalhar que a dor dilacera.

No dia seguinte, quando seu corpo físico anuncia a fome física, a necessidade do banho e de escovar os dentes que a dor dilacera. No dia seguinte, quando você precisa se reestabelecer de alguma forma na sua rotina, nem que seja para desmarcar compromissos que você lembra que falta um algo ou alguém ali, que a dor dilacera.

No dia seguinte, quando seu coração e sua mente começam a te cobrar a rotina do emprego, a rotina da presença física da pessoa falecida ou desaparecida, ou da presença física da pessoa que escolheu por terminar a relação. No dia seguinte, quando você começa a tentar raciocinar com o mínimo de lucidez possível e o máximo de desconforto. É quando o choque da facada já passou, mas, agora começa a dor da ferida e agora você começa a olhar para aquela ferida aberta que você sabe que levará dias, meses ou até anos para cicatrizar.

No dia seguinte, quando você se lembrará que precisa tomar banho, precisa comer, precisa trabalhar, precisa dar satisfações, inclusive, se for uma criança. No dia seguinte, você se lembra que para dormir a noite será ainda mais difícil, pois, já terão se passado vinte e quatro dias.

E realmente, tudo nessa vida pode passar, o tempo pode curar tudo, mas, o tempo não cura o dia seguinte.

Demorei 9 minutos para escrever este texto, talvez caótico, mas honesto. E ainda, sigo pensando no dia seguinte, afinal, são muitas demandas por aqui, e por aí?

Com carinho,


Joyce Viana Silveira. Editora e revisora com mais de 10 mil textos publicados, bacharel em Direito e pós-graduada em Direito Criminal. Ela possui um livro lançado no gênero de autoajuda. É cristã e possui uma fé inabalável em Deus. Fundou o clube de escrita Sociedade dos Poetas Vivos e o quadro De Frente com o Escritor com a intenção de disseminar a Literatura para todos.

Direção Geral
Renato Galvão



Um comentário:

  1. Existe um desses cards de redes sociais em que se afirma que o luto acontece semanas, meses, anos depois; acontece quando você quer contar alguma coisa para a pessoa; quando há um evento na sua vida que você queria a pessoa presente. Antes de falecer, a minha mãe ficou uma semana em casa, meus tios, meus primos entravam e saíam; no dia seguinte, eu sentia uma ira com a anarquia da casa, entre na cozinha e meu pai disse: "Ainda bem que tem sol, seria um dia horrível se estivesse chovendo!" Quando o meu pai faleceu, 24 anos depois, não tinha ninguém para dizer nada. Ontem, eu pensei que não tem ninguém em quem confio, o dia seguinte segue sendo sempre o mesmo: o da ausência.

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