Nos últimos dias, entrei em um desafio no
clube de escrita em que participo e precisava escrever um texto em dez minutos
e saíram essas palavras em relação ao tempo curar tudo, menos o dia seguinte.
Estava começando a pensar sobre o que eu
poderia escrever em dez minutos, então comecei a pensar nas coisas que eu
precisaria fazer amanhã e minha mente ficou bem confusa sobre o que eu deveria
escrever.
Novamente, o dia seguinte martelou na
minha cabeça e então me lembrei que tudo passa, menos o dia seguinte. Talvez,
você possa pensar que eu estou louca, que ele só não passa para quem perde a
vida no hoje. No entanto, neste texto quero falar sobre sentimentos, perdas,
lágrimas.
Existem momentos em nossas vidas que são
muito dolorosos como a perda de um pessoa querida que falece ou quando uma
pessoa ou mesmo um animal desaparece. E tem também quando um relacionamento
termina ou acontece a perda de um emprego, posso estar sendo muito louca mesmo,
mas o pior dia para mim nunca é o dia da notícia, mas sim o dia seguinte. É no
dia seguinte, que o sol volta a clarear as ruas e as pessoas saem para
trabalhar que a dor dilacera.
No dia seguinte, quando seu corpo físico
anuncia a fome física, a necessidade do banho e de escovar os dentes que a dor
dilacera. No dia seguinte, quando você precisa se reestabelecer de alguma forma
na sua rotina, nem que seja para desmarcar compromissos que você lembra que
falta um algo ou alguém ali, que a dor dilacera.
No dia seguinte, quando seu coração e sua
mente começam a te cobrar a rotina do emprego, a rotina da presença física da
pessoa falecida ou desaparecida, ou da presença física da pessoa que escolheu
por terminar a relação. No dia seguinte, quando você começa a tentar raciocinar
com o mínimo de lucidez possível e o máximo de desconforto. É quando o choque
da facada já passou, mas, agora começa a dor da ferida e agora você começa a
olhar para aquela ferida aberta que você sabe que levará dias, meses ou até anos
para cicatrizar.
No dia seguinte, quando você se lembrará
que precisa tomar banho, precisa comer, precisa trabalhar, precisa dar
satisfações, inclusive, se for uma criança. No dia seguinte, você se lembra que
para dormir a noite será ainda mais difícil, pois, já terão se passado vinte e
quatro dias.
E realmente, tudo nessa vida pode passar,
o tempo pode curar tudo, mas, o tempo não cura o dia seguinte.
Demorei 9 minutos para escrever este
texto, talvez caótico, mas honesto. E ainda, sigo pensando no dia seguinte,
afinal, são muitas demandas por aqui, e por aí?
Com carinho,
Edição e Ilustração: Jornal e Livraria Rio de Flores
Joyce Viana Silveira. Editora e revisora com mais de 10 mil textos
publicados, bacharel em Direito e pós-graduada em Direito Criminal. Ela possui
um livro lançado no gênero de autoajuda. É cristã e possui uma fé inabalável em
Deus. Fundou o clube de escrita Sociedade dos Poetas Vivos e o quadro De Frente
com o Escritor com a intenção de disseminar a Literatura para todos.

Direção Geral
Renato Galvão

Existe um desses cards de redes sociais em que se afirma que o luto acontece semanas, meses, anos depois; acontece quando você quer contar alguma coisa para a pessoa; quando há um evento na sua vida que você queria a pessoa presente. Antes de falecer, a minha mãe ficou uma semana em casa, meus tios, meus primos entravam e saíam; no dia seguinte, eu sentia uma ira com a anarquia da casa, entre na cozinha e meu pai disse: "Ainda bem que tem sol, seria um dia horrível se estivesse chovendo!" Quando o meu pai faleceu, 24 anos depois, não tinha ninguém para dizer nada. Ontem, eu pensei que não tem ninguém em quem confio, o dia seguinte segue sendo sempre o mesmo: o da ausência.
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