domingo, 4 de maio de 2025

 

Recentemente, no Facebook, publiquei imagens de dois quadros, pintados no início de 2025. Dentre os comentários de pessoas que visitaram a página, havia um muito especial! De uma grande amiga, solicitando-me falar alguma coisa sobre a pintura. Prometi que o faria em breve. Aqui vai a resposta prometida!

Não sei exatamente a razão da solicitação! Ela deve ter notado que há diferenças gritantes nas minhas atuais “letras”. Possivelmente, a antiga caligrafia tivesse características do contador de histórias ingênuas, como eu gostava de ser, usando pinceis, numa forma que sempre marcou muito o meu trabalho e a minha identidade artística.

Figura 1: Quadro Palhaçoes, Palhacinhos e Palhaçadas I - Por Rocha Maia - 2025

Eu mesmo percebo essa diferença de toque; diria eu, de “pegada”! Identifico essa mudança como sendo efeito do Mal de Parkinson, diagnosticado em 2023.

Vamos aos quadros em questão! Tecnicamente, ambos, nas medidas de 90cm x 100cm, são pinturas mistas sobre papel, em fuan reciclado; recebem o mesmo nome: “Palhaços, Palhacinhos e Palhaçadas”, diferindo a numeração em I e II.

Embora tenham forma retangular, as telas destacam geometricamente variados triângulos e algumas formas arredondadas, resultantes de processos aleatórios nas fases de desenho e composição. As imagens podem ser interpretadas de várias maneiras. Do ponto de vista da psicologia e da cosmologia, podem ser representações de simbologia religiosa da trilogia; e também podem representar a universalização holística. Quando comparados, os trabalhos mostram haver pequena diferença de cores e tonalidades; sendo uma rosada e outra azulada. Cabe perguntar o porquê? Vou logo adiantando a resposta: - “Não faço a menor ideia!”. Diria ainda mais, que, se eu soubesse responder essas coisas, a tão procurada espontaneidade “naif” não existiria nessas pinturas.

Pronto! Passamos agora ao tema abordado, perfeitamente declarado no título: “Palhaços, Palhacinhos e Palhaçadas”! Historicamente, o palhaço era o dono do Circo, o líder da trupe, aquele que organizava o show. Lembram do Carequinha; do Arrelia; do Boso; do Ronald McDonald; do Carlitos e tantos outros?   No meu modo de ver, o NARIZ DO PALHAÇO trata-se de um grito de protesto, como se fora um brado de revolta! Quem sabe, até seja uma declaração de guerra? Poderia ser, também, à moda da resistência pacífica, como uma mensagem capaz de levar à desobediência civil. O nariz vermelho dos palhaços teria esse poder? Para saber, seria necessário fazer a experiência do uso! Talvez, possa ter força maior do que o poder que tiveram os cravos, para os portugueses, no 25 de abril de 1974!

Figura 2: Quadro Palhaços, Palhacinhos e Palhaçadas II - Por Rocha Maia - 2025

Imagino eu, como seria, em todo Brasil; nas ruas, praças, comércio, meios de transportes, repartições públicas, escolas, hospitais etc. Todos os logradouros, tomados por milhões de pessoas, com o povo ostentando pacificamente narizes de palhaços! Não há lei que proíba o uso do nariz de palhaço! Ninguém seria preso, nem multado, tampouco seria admoestado por guardas de trânsito; menos ainda seriam considerados blasfemos, traficantes, terroristas ou pecadores, pelo porte ou uso daquele pequeno adereço vermelho, universalmente conhecido como o nariz do palhaço.

Sim! É isso o que imagino! O cidadão, o verdadeiro dono do circo, no dia-a-dia, ao sentir-se tratado como bobo da corte, pegaria imediatamente a pequena bolinha vermelha; e num rápido descuido dos passantes, gritaria bem alto: - “Viva, viva, viva o Circo!” Considerando que não existe Circo Ideológico, de esquerda, de centro nem de direita, possivelmente, logo à sua volta surgiria uma multidão bradando – “Viva o palhaço! Respeitem o Circo! Todo poder emana do PALHAÇO!”. Mas, depois, pensando melhor, comparando ao caso da Débora, aquela jovem mãe, a do Baton Vermelho, desisti de lançar a ideia. Melhor mesmo é deixar como está! Afinal, como seria triste, para todos, ver as nossas Penitenciárias lotadas, com todo tipo de palhaços e palhacinhos, presos por simples palhaçadas! E nós, em coro, gritaríamos..., chorando: - “Viva! Viva a Papuda!”

Texto e Telas (Figura 1 e 2): Rocha Maia
Edição e Ilustração: Jornal e Livraria Rio de Flores

Luiz Roberto da RochaMaia. Nasceu no Rio de Janeiro/1947. Morou em Teresópolis e Brasília e, atualmente, em Rio das Ostras. Em 2023, completa mais de cinquenta anos de atividade cultural. Membro de diversas entidades culturais, no Brasil e em Portugal, é Fundador da Associação Candanga de Artistas Visuais - Brasília /DF. Membro da Academia Brasileira de Belas Artes – ABBA do Rio de Janeiro; e da Academia de Letras e Artes ALEART, Região dos Lagos/RJ. Participou de mais de duzentos eventos de artes no Brasil, Cuba, Portugal, França e Bulgária. Recebeu mais de setenta premiações e destaques em salões de artes plásticas. Citado em catálogos e sites, possui obras expostas em galerias no Brasil e no exterior; bem como nos acervos do Museu Naïf de São José do Rio Preto/SP; MIAN/Rio/RJ; SESC/SP, na coleção do Château des Réaux; e do Museu Internacional de Arte Naïf de Vicq, na França. Seus quadros estão presentes também em pinacotecas de diversas entidades e coleções de aficionados por arte naïf no Brasil, Cuba, França, Itália, Espanha, Chile, Japão, Bolívia e Portugal. Por três vezes foi selecionado para a Bienal Naïfs do Brasil, tendo recebido o prêmio aquisição 2006, em Piracicaba/SP. Na literatura, publicou o catálogo “Ingenuidade Consciente”, Editora A3 Gráfica e Editora – 2010; o livro “O Diário de Lili Beth”, pela editora Viseu – 2021; e colaborou com a Coluna Arte Animal, da revista digital Animal Business Brasil, escrevendo artigos versando sobre a presença de animais como tema nas belas artes. 

Direção Geral
Renato Galvão



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