O tempo é um velho
barbudo
Com olhos azuis de
bebê
Considera-se
eterno sem saber a próxima curva que virá
Como todo
adolescente que assim o presume ser
Corre como uma
estrada em linha reta em rios caudalosos
Na pressa de ser adulto,
dono de destinos tortuosos
O tempo gira em
parafuso
Viramundo, incapaz
de parar
Gira em círculos
de histórias repetidas
Esforçando-se em
mudar
Mas nada mexe,
retumba e nada se
ouve
É um senhor que
conta, desconta e reconta
Declama poemas que
já perderam o sentido
Rebuscamento de
línguas mortas
Que ele próprio
dizimou
O tempo é ele
mesmo ao mesmo tempo que foi, não é porque já passou e ainda vai ser
O tempo morreu a
esmo no deserto
É apenas um mito
obsoleto redescoberto
Quadro pintado nas
paredes da antiga pós modernidade
Das pinturas
rupestres às inteligências artificiais
Tudo que se vive
em busca de tempo
É delírio,
insensatez, martírio
Loucura de seres
que desconhecem inseguros suas existências
E penduram
ponteiros na parede
Na vã intenção de
perdurar.
O tempo nasceu,
cresceu, se reproduziu em calendários culturais, religiosos, políticos,
ideológicos
E morreu nos fogos
de artifício do réveillon.
Edição e Ilustração: Jornal e Livraria Rio de Flores
Pedro
Garrido é pedagogo, poeta, escritor e palestrante de São Gonçalo - RJ.
Participou de diversas antologias e eventos literários nacionais e
internacionais, além de ser membro de três academias literárias e de coletivos
culturais. Em janeiro de 2021, lançou seu primeiro livro de poemas,
"(Uni)Verso". Até agora, publicou quatro obras individuais:
"(Uni)Verso" (2021), "duo" (2022), "Teshuvá"
(2022) e "Pedrinho e o Cão Brabão" (2023). Também é o criador e
produtor cultural do sarau (Uni)versos Livres, realizado mensalmente na Casa de
Cultura Heloísa Alberto Torres, em Itaboraí.


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