segunda-feira, 25 de novembro de 2024

 

Falta um mês precisamente para o Natal. Mas hoje não trago a magia do Natal. Trago a tristeza que é a violência contra as mulheres. Mundialmente.

Hoje assinala-se uma data fundamental, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.

Falamos em todos os tipos de violência, desde a física à psicológica. Trata-se de violência que pode ser sexual ou pode ser do foro mental.

Com o objetivo de alertar contra este quebrar dos direitos humanos e fundamentais da mulher, este dia sensibiliza para o facto de a nível mundial cerca de uma em cada três mulheres ser vítima de violência. Essa violência não é apenas exercida por desconhecidos, mas muitas vezes por parceiros, por familiares ou mesmo no trabalho ou grupos de supostos amigos e conhecidos, vizinhos, ...

Estes não são dados atirados para o ar; são dados da ONU-Organização das Nações Unidas. A mesma entidade revela que no ano passado, estatisticamente, pelo menos para 51.100 mulheres o ciclo de violência de género culminou com a sua morte. Estes homicídios foram praticados por parceiros e familiares. Assassinos de mulheres, no fundo e simples, assim. Dramático ao limite.

Uma mulher foi morta a cada 10 minutos.

Os números falam por si.

Provavelmente este ano os dados serão similares ou piores.

E quando mencionamos as mulheres, no mesmo conjunto estão as raparigas, pois a violência nas jovens e no namoro é igualmente dramática. É igualmente crime público e está inserida no crime de violência doméstica.

Na Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres, com a adoção da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, pretendia-se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a nível mundial. Pois bem, estamos mesmo muito longe de tal acontecer se não terminarmos com este tipo de violência.

Há que não ter medo de denunciar e saber que a denúncia não precisa de ser presencial ou de ter os nomes das vítimas. Ela pode ser anónima até e pode ser efetuada por telefone, numa esquadra, numa associação de apoio ou via internet.

O que importa é não permanecer com o agressor, proteger-se, pedir ajuda e denunciar.

Muitas vezes a mulher não está minimamente à espera que a violência aconteça ou então sente-se culpada ou chega a um ponto extremo em que até considera que merece aquilo, mas ela é a vítima e nunca a culpada, seja em que caso for.

Igualmente, são muitas as situações em que se sente desesperada. Não sabe como sair da situação ou não tem poder económico ou tem filhos a cargo, por exemplo, mas nada, repito, NADA, a deve levar a permanecer.

Há que quebrar o ciclo da violência, por muito receio que se tenha. Ninguém merece ser violentado, ninguém merece ser desrespeitado. E ninguém tem o direito de violentar.

A violência tem de parar e em cada um de nós está esse poder. Podemos aconselhar, sensibilizar, denunciar situações, acompanhar, apoiar as mulheres e muito mais.

No outro dia uma amiga utilizou uma expressão neste sentido: Quem são os sem abrigo? Hoje eles, amanhã talvez nós.

O mesmo se passa com a violência: Hoje são essas mulheres dos números das estatísticas mais as desconhecidas; amanhã cada uma de nós, mulheres. Eu, você...

Texto: Susana Veiga Branco
Edição e Ilustração: Jornal Rio de Flores

Susana Veiga Branco. Portugal (1974). Mestre em Gestão de Organizações de Economia Social, licenciada em Jornalismo/Comunicação Social, formadora, owner e CEO de empresas na área de investimentos imobiliários. Escritora de prosa e poesia, cronista na imprensa escrita e rádio, autora de livros e e-books em Portugal e no Brasil, co-autora em 40 coletâneas de poesia e prosa portuguesas e internacionais, investigadora na área social e do património, com publicações académicas em jornais e no CIJVS-Centro de Investig. Professor Doutor J. Veríssimo Serrão, do qual é associada. Membro da APP-Associação Portuguesa de Poetas. Coordenadora de obras literárias e curadora de arte. Artista plástica com exposições individuais e coletivas e participações em encontros internacionais. Ilustradora de capas e miolo de livros. Colabora no Jornal Rio de Flores - Brasil, com a coluna Contemporaneidade e estilos de vida e em Portugal é cronista em programas de rádios e participa no programa de poesia radiofónico Livro Aberto. 3 prémios internacionais.

Edição e Direção Geral
Renato Galvão



2 comentários:

  1. Olá, Susana! Eu tenho muita experiência em violência de gênero, cometi graves "erros" do ponto de vista da sociedade conservadora/patriarcal: não casei, não tive filhos. Enfrento ataques que deveriam comprometer o fator psicológico, mas como fui professora e boa parte dos homens que fazem isso foi meu aluno (se bem que há muitas mulheres terrivelmente preconceituosas), já expliquei e vivo repetindo: quando atacam uma mulher que por opção, por escolha, por desejo não teve filhos, estão atacando mulheres cujo organismo rejeitou o feto e elas tiveram aborto espontâneo, estão atacando mulheres que, por diferentes problemas, simplesmente não conseguem engravidar. Em outras palavras, são cruéis, inumanos desconsiderando o drama de cada pessoa. Evito até mesmo o convívio com gente dessa estirpe.

    ResponderExcluir
  2. Quanto à violência física, aquela que provoca manchas roxas, ferimentos; eu tive uma experiências deveras interessante no contato com inspetores policiais. Eles contam que, em 90% dos casos, as mulheres buscam ajuda, denunciam e, ao final, quando eles perguntam: "Para onde a senhora vai?" Elas respondem: "Vou voltar pra casa!" Eles afiançam que sentem um nó, uma dor no peito, sentem-se inúteis, porque as famílias rejeitam muitas dessas mulheres; na maioria das cidades não há casas lares. De novo, aqui, está o conservadorismo, o preconceito social. Depois, quando a morte acontece, quando a morte brutal acontece...a sociedade lamenta-se!

    ResponderExcluir