Falta um mês precisamente para o
Natal. Mas hoje não trago a magia do Natal. Trago a tristeza que é a violência
contra as mulheres. Mundialmente.
Hoje assinala-se uma data
fundamental, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as
Mulheres.
Falamos em todos os tipos de
violência, desde a física à psicológica. Trata-se de violência que pode ser
sexual ou pode ser do foro mental.
Com o objetivo de alertar contra este
quebrar dos direitos humanos e fundamentais da mulher, este dia sensibiliza
para o facto de a nível mundial cerca de uma em cada três mulheres ser vítima
de violência. Essa violência não é apenas exercida por desconhecidos, mas
muitas vezes por parceiros, por familiares ou mesmo no trabalho ou grupos de
supostos amigos e conhecidos, vizinhos, ...
Estes não são dados atirados para o
ar; são dados da ONU-Organização das Nações Unidas. A mesma entidade revela que
no ano passado, estatisticamente, pelo menos para 51.100 mulheres o ciclo de
violência de género culminou com a sua morte. Estes homicídios foram praticados
por parceiros e familiares. Assassinos de mulheres, no fundo e simples, assim.
Dramático ao limite.
Uma mulher foi morta a cada 10
minutos.
Os números falam por si.
Provavelmente este ano os dados serão
similares ou piores.
E quando mencionamos as mulheres, no
mesmo conjunto estão as raparigas, pois a violência nas jovens e no namoro é igualmente
dramática. É igualmente crime público e está inserida no crime de violência
doméstica.
Na Quarta Conferência Mundial sobre
as Mulheres, com a adoção da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim,
pretendia-se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a nível
mundial. Pois bem, estamos mesmo muito longe de tal acontecer se não
terminarmos com este tipo de violência.
Há que não ter medo de denunciar e
saber que a denúncia não precisa de ser presencial ou de ter os nomes das
vítimas. Ela pode ser anónima até e pode ser efetuada por telefone, numa
esquadra, numa associação de apoio ou via internet.
O que importa é não permanecer com o
agressor, proteger-se, pedir ajuda e denunciar.
Muitas vezes a mulher não está minimamente
à espera que a violência aconteça ou então sente-se culpada ou chega a um ponto
extremo em que até considera que merece aquilo, mas ela é a vítima e nunca a
culpada, seja em que caso for.
Igualmente, são muitas as situações
em que se sente desesperada. Não sabe como sair da situação ou não tem poder
económico ou tem filhos a cargo, por exemplo, mas nada, repito, NADA, a deve
levar a permanecer.
Há que quebrar o ciclo da violência,
por muito receio que se tenha. Ninguém merece ser violentado, ninguém merece
ser desrespeitado. E ninguém tem o direito de violentar.
A violência tem de parar e em cada um
de nós está esse poder. Podemos aconselhar, sensibilizar, denunciar situações,
acompanhar, apoiar as mulheres e muito mais.
No outro dia uma amiga utilizou uma
expressão neste sentido: Quem são os sem abrigo? Hoje eles, amanhã talvez nós.
O mesmo se passa com a violência:
Hoje são essas mulheres dos números das estatísticas mais as desconhecidas;
amanhã cada uma de nós, mulheres. Eu, você...
Edição e Ilustração: Jornal Rio de Flores
Susana Veiga Branco. Portugal (1974). Mestre em Gestão de Organizações de Economia Social, licenciada em Jornalismo/Comunicação Social, formadora, owner e CEO de empresas na área de investimentos imobiliários. Escritora de prosa e poesia, cronista na imprensa escrita e rádio, autora de livros e e-books em Portugal e no Brasil, co-autora em 40 coletâneas de poesia e prosa portuguesas e internacionais, investigadora na área social e do património, com publicações académicas em jornais e no CIJVS-Centro de Investig. Professor Doutor J. Veríssimo Serrão, do qual é associada. Membro da APP-Associação Portuguesa de Poetas. Coordenadora de obras literárias e curadora de arte. Artista plástica com exposições individuais e coletivas e participações em encontros internacionais. Ilustradora de capas e miolo de livros. Colabora no Jornal Rio de Flores - Brasil, com a coluna Contemporaneidade e estilos de vida e em Portugal é cronista em programas de rádios e participa no programa de poesia radiofónico Livro Aberto. 3 prémios internacionais.
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| Edição e Direção Geral Renato Galvão |


Olá, Susana! Eu tenho muita experiência em violência de gênero, cometi graves "erros" do ponto de vista da sociedade conservadora/patriarcal: não casei, não tive filhos. Enfrento ataques que deveriam comprometer o fator psicológico, mas como fui professora e boa parte dos homens que fazem isso foi meu aluno (se bem que há muitas mulheres terrivelmente preconceituosas), já expliquei e vivo repetindo: quando atacam uma mulher que por opção, por escolha, por desejo não teve filhos, estão atacando mulheres cujo organismo rejeitou o feto e elas tiveram aborto espontâneo, estão atacando mulheres que, por diferentes problemas, simplesmente não conseguem engravidar. Em outras palavras, são cruéis, inumanos desconsiderando o drama de cada pessoa. Evito até mesmo o convívio com gente dessa estirpe.
ResponderExcluirQuanto à violência física, aquela que provoca manchas roxas, ferimentos; eu tive uma experiências deveras interessante no contato com inspetores policiais. Eles contam que, em 90% dos casos, as mulheres buscam ajuda, denunciam e, ao final, quando eles perguntam: "Para onde a senhora vai?" Elas respondem: "Vou voltar pra casa!" Eles afiançam que sentem um nó, uma dor no peito, sentem-se inúteis, porque as famílias rejeitam muitas dessas mulheres; na maioria das cidades não há casas lares. De novo, aqui, está o conservadorismo, o preconceito social. Depois, quando a morte acontece, quando a morte brutal acontece...a sociedade lamenta-se!
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