terça-feira, 23 de julho de 2024

A Arte na Idade dos metais.

A Idade dos metais é o último período pré-histórico. É neste período que se observa que as sociedades da época iniciam a produção, transformação e o trabalho com elementos como o cobre, bronze e ferro para compor suas artes. Surge no calcolítico a cultura megalítica com seus notáveis monumentos de pedra como dólmens, menires e cromeleques, cujo Stonehenge sobressaia como exemplo desta arte antiga. Culturas de Los Millares e do vaso campaniforme, caracterizadas pelas figuras humanas com seus grandes olhos, surgem na Península Ibérica. Destacam-se os templos megalíticos de Malta. Nas Ilhas Baleares, com monumentos como a Naveta, um túmulo em forma de pirâmide e câmara funerária como a taula e o talayot.

As culturas Hallstatt (desenvolvida entre os séculos V e IV a. C.) na Áustria e La Tène ou Arte celta primitiva (V e IV a. C.) na Suíça marcaram fases significativas na Europa. Cerâmica policromática com decorações geométricas com ornamentos metálicos. A produção artística ressalta mormente em objetos de ferro, representados por espadas e lanças ou em bronze, como nos escudos fartamente adornados e fíbulas e em fíbulas ao longo de diversos estágios evolutivos do estilo (La Tène I, II e III). A decoração foi influenciada pela arte Grega, Etrusca e Cita.

Figura 1: Dolmens: Anta de S. Geraldo, Portugal.

Figura 2: Manires: Alinhamento de menir em Carnac na França - Por calaeco

Figura 3: Cromeleque dos Almendres. Domínio público.

Arte Antiga.

Também denominada como Arte da Antiguidade, constitui criações artísticas do primórdio período da História que teve seu início com o surgimento da escrita e com o aparecimento de grandes cidades às margens dos rios Nilo, Tigre, Eufrates, Indo e Amarelo (também conhecido como rio Huang He ou Huang Ho na China), destacando-se civilizações no Oriente Médio, principalmente, a Egípcia e Mesopotâmica. Em contrapartida, aos períodos anteriores, manifestações artísticas ocorreram em todas as culturas em todos os continentes.

Sem sombra de dúvidas, atribui-se a este período a invenção da escrita como um ou o maior progresso da humanidade, pois a escrita foi criada a partir da necessidade de criar e manter registros de cunho econômico, comercial e artístico. O homem criou a escrita cuneiforme, surgida na Mesopotâmia, aproximadamente, 3500 a.C., baseando-se em elementos pictográficos e ideográficos, transformando tabuletas de argila cozida em verdadeiros compêndios literários e informativos. Entretanto, tempos depois, ficou a cargo dos sumérios desenvolver a escrita utilizando sílabas em contraste à escrita egípcia que acorria aos hieróglifos. Por outro lado, a escrita composta por alfabetos surgiu com a língua hebraica, sendo uma das primeiras a utilizar um alfabeto, atribuindo-lhe símbolo a cada fonema. 

 


Figura 4: A Pedra de Roseta, com escrita em três idiomas diferentes, foi fundamental na decifração dos hieróglifos egípcios. Por Hans Hillewaert.


Figura 5: Escrita Cuneiforme: Extrato do Cilindro de Ciro (linhas 15-21), fornecendo a genealogia de Ciro, o Grande e um relato de sua captura da Babilônia em 539 aC Fonte: Vida e História da Babilônia por Ernest Alfred Wallis Budge Data de publicação 1884. Por Charon77 - Obra do próprio, Domínio público

A Arte no Egito.

Uma das primeiras grandes civilizações, sem dúvidas, é o Egito. Ela surge com grandes feitos em arte elaborada e complexas, inclusive trazendo a especialização profissional do artista. Com uma intensa religiosidade e simbólica, estrutura de poder centralizada e hierárquica, onde dava especial importância ao conceito religioso, principalmente ao rei ou faraó, erguiam-se monumentos colossais.

Figura 6: Máscara de Tutanchamun. Por en User Myk Reeve httpscommons.wikimedia.orgwindex.phpcurid=34321

Abrangente no período entre 3.000 a.C. e a conquista por Alexandre, o grande, sua influência perdurou até à arte copta e bizantina. Sua arquitetura destacava-se por seus monumentos utilizando blocos de pedra imensos, lintéis (sumério) e potentes colunas sólidas.

Agrupados em três tipos principais, como as mastabas (túmulos em forma retangular), as pirâmides com faces regulares ou em escadas e os hipogeus (túmulos subterrâneos), se faziam notáveis os monumentos funerários. Edifícios de grandes dimensões abrigavam os templos, complexos monumentais em avenidas antecedidas de esfinges e obeliscos que sucediam dois pilones trapezoidais, o hipostilo, finalizando o santuário. Justaposição de planos sobrepostos caracterizava a pintura. Imagens representando a hierarquia, onde o ponto central era a imagem do faraó. Os egípcios costumavam pintar a cabeça e os membros de perfil, por outro lado, eram pintados de frente, ombros e olhos. Uma evolução notória e significativa se fazia presente nas artes aplicadas, principalmente, em trabalhos com madeira e metal que deram origem a obras exímias do mobiliário em cedro entalhado com ébano e marfim.

Os Artistas.

Figura 7: Pintura na câmara tumular de Nefertari. Por Maler der Grabkammer der Nefertari. Distribuído pela DirectMeidia. Domínio público.

Informação importante sobre a atuação dos artistas nas obras egípcias é que os criadores do legado egípcio chegam aos nossos dias anônimos, sendo que só em poucos casos se conhece efetivamente o nome do artista. Tão pouco se sabe sobre o seu caráter social e pessoal, que se crê talvez nem ter existido tal conceito no grupo artístico de então. Por regra, o artista egípcio não tem um sentido de individualidade da sua obra, ele realiza um trabalho consoante uma encomenda e requisições específicas e assina raramente o trabalho final. Também as limitações de criatividade impostas pelas normas estéticas e as exigências funcionais de determinado empreendimento, reduzem o seu campo de atuação individual e, juntamente com o fato de ser considerado um executor da vontade divina, fazem do artista um elemento de um grupo anônimo que concretiza algo que o transcende.


Figura 8: Pintura de oferendas na câmara tumular de Menna. Por Maler der Grabkammer Distribuído pela DirectMedia.  Domínio público

O trabalho é efetuado em oficinas, onde se reúnem os executores e os seus mestres nas diferentes tipologias artísticas, escultores, pintores, carpinteiros e embalsamadores. Nestes locais trabalha-se em série e os trabalhos saem em série.


Figura 9: Ilustração de Imhotep, o primeiro arquiteto conhecido. Autor Desconhecido. Domínio público.

No entanto, é possível identificar diferenças entre distintas obras e estilos que refletem traços individuais de determinados artistas, onde se observam, por exemplo, inovações no nível de composição decorativa. Do mesmo modo, tanto é possível reconhecer artistas com talento, genialidade e perfeito conhecimento dos materiais em obras de grande qualidade, como artistas que se limitam a fazer cópias.

Mas, os artistas, são também vistos como indivíduos com uma tarefa divina importante. Mesmo que se trate de executores, eles necessitam de contato com o mundo divino para poder receber a sua força criadora. Sem ele, não seria possível tornar visível o conteúdo espiritual, o invisível. O próprio termo para designar este executor, s-ankh, significa o que dá vida.

É... parece-me que nós artistas nunca fomos reconhecidos…  

Seguindo o caminho da “A importância da Arte em nossa existência”, no último episódio, vamos abordar a Arte nascida na Mesopotâmia, pois foi a arte surgida neste território, a percursora de todas as artes pós-Sumérias. Dali nasceram técnicas e inspirações para outros tantos fazedores de artes que viriam no futuro.  

Espero que tenham gostado de saber mais sobre “A importância da Arte em nossa Existência”. Nos encontraremos no próximo episódio…

Pesquisas, Ilustração, Edição e texto: Renato Galvão

Fontes, fotos e pesquisas:

Renato Galvão é carioca, Escritor, Poeta, Artista Plástico, Produtor Cultural e fascinado por pesquisas, absorção de conhecimentos gerais e leitura. Como escritor e poeta publicou quatro livros, a saber: Sentidos (arquivado), Os Jardins de Daiane (arquivado), Borboletas no Estômago (Editora 24horas julho 2011) e Os Espinhos nos Caminhos das Rosas (Editora Leia Livros – junho 2018). Participações em algumas Antologias (as que me lembro) como em Conexões Atlânticas V (In-Finita - julho 2020), Toca a Escrever (In-Finita - março 2021), Coletânea Contos e Poesias (Concurso de textos anônimos 5ª Edição 2018) 1ª Colocação na Categoria Poesias com o Textos intitulado “Marcas”. Coletânea de Poesia (Concurso de Poesias promovido pela Academia Teresopolitana de Letras), poesia intitulada “Quem é teu deus?” agraciada em 2º lugar. Como Artista Plástico, pintou, aproximadamente, duzentas telas tendo boa parte delas comercializadas. Algumas exposições e certificados. Como Produtor Cultural criou a Rio de Flores Editora, Jornal Rio de Flores, Programa Estrelas e RGVídeos exclusivamente para fomentar Cultura, Artes e, principalmente, Artistas. Na direção da Rio de Flores Editora, até aqui, organizou e publicou 13 Antologias e 18 autorais. 

Edição e Direção Geral
Renato Galvão





 

        

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