quarta-feira, 13 de março de 2024

 


Criado dentro de um apartamento
no centro de Las Mercedes,
Julian tem 14 anos, e a sua habilidade
no futebol não é a das melhores.
A garotada do parque se utiliza disso e
de sua origem venezuelana como razões
para tratá-lo com indiferença e humilhá-lo.
Já Quitéria tem deficiência intelectual,
é gorda, tem 17 anos e é a mais velha
entre os alunos do oitavo ano.
Devido a sua aparência e sua
disfunção neurológica, a garota é
alvo de discriminação dos colegas.

“Por vezes, nossa beleza está
escondida no que consideram
mais monstruoso na gente.”
Praticado contra alguém,
por um indivíduo ou um grupo de pessoas,
o bullying corresponde à prática de
atos de violência física ou psicológica,
intencionais e repetidos, cometidos
contra uma determinada vítima.
É um ato agressivo sistemático que
envolve ameaça, intimidação ou coesão.
A sua prática pode ser em qualquer local,
mas geralmente ocorre com
mais frequência em escolas.
O bullying trata-se de uma ação verbal
que pode, em situações extremas,
até evoluir para a agressão física.

“Neste mundo, ou somos, ou não somos.”
Julian repudia Quitéria, assim como todo mundo.
Quitéria, por sua vez, ama Julian;
no mundinho criado em sua cabeça, ele é o seu namorado.
Será que Quitéria foi mesmo abusada quando pequena,
como dizem os boatos espalhados pelas crianças?
Julian é mesmo sem coração ou apenas
mais uma criança inconsequente tentando ser aceita?

“Só a convivência é capaz de desabrochar
os mais verdadeiros sentimentos.
O melhor deles, o amor, é um mistério.”
Numa sociedade de atos abomináveis,
dois jovens se veem sofrendo situações
de preconceito e maldade humana.
Numa sociedade de atos abomináveis,
Juliana de Azevedo nos brinda com
o seu conto Monstrenga e nos surpreende
ao trazer temáticas importantes para
debate e reflexão, como padrões impostos
pela sociedade, xenofobia, empatia e bullying,
e tratar com sensibilidade e habilidade em sua escrita
o que há de mais monstruoso em cada um de nós.

Texto: Jefferson Pontes
Ilustração: Jornal Rio de Flores

Juliana de Azevedo é paulistana e mora em Sorocaba há mais de vinte anos, é casada e tem dois filhos. Trabalha com preparação de texto, revisão e leitura crítica. Em breve, será professora.

Jefferson Pontes. Nascido em Natal/RN em 1992 e mudou se ainda pequeno para São Paulo. Trabalha como conferente de valores em uma empresa de ônibus na cidade de Itu/SP onde reside com sua esposa e suas filhas. Tem duas edições de sua série intitulado O que ela não lhe disse publicados até o momento. É escritor, poeta, compositor e colunista no blog do Jornal Rio de Flores de Teresópolis-RJ onde em sua coluna escreve resenhas de vários livros nacionais. Em 2020 recebeu uma moção de aplauso dos vereadores da cidade pela publicação da primeira edição do seu livro intitulado “O Que Ela Não Lhe Disse”. Em 2021 ficou entre os 44 classificados no primeiro prêmio Art Letras de Literatura organizado pela Art Letras Editora. Em 2022 recebeu o título de referência e qualificação literária Paladinus Literary cedido pela Academia Independente de Letras. Antologias e Coletâneas que participou: “Palavra em Ação” (Editora Alecrim); “Almas Cativas” (Biblos Editora), “Ainda Te Amo” (The Four Editora); Eu Continuo te amando” (Andros Editora); “Rio de Flores”, “Encantos da Lua”, “As Faces do Amor”, “Vida” e “A Arte de Escrever” (Rio de Flores); “Caixa de Memórias”, “Elementais” e “A Coragem de Pensar Diferente” (Antologias Brasil).

Edição e Direção Geral
Renato Galvão


 

 


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