Criado dentro de um apartamento
no centro de Las Mercedes,
Julian tem 14 anos, e a sua habilidade
no futebol não é a das melhores.
A garotada do parque se utiliza disso e
de sua origem venezuelana como razões
para tratá-lo com indiferença e humilhá-lo.
Já Quitéria tem deficiência intelectual,
é gorda, tem 17 anos e é a mais velha
entre os alunos do oitavo ano.
Devido a sua aparência e sua
disfunção neurológica, a garota é
alvo de discriminação dos colegas.
“Por vezes, nossa beleza está
escondida no que consideram
mais monstruoso na gente.”
Praticado contra alguém,
por um indivíduo ou um grupo de pessoas,
o bullying corresponde à prática de
atos de violência física ou psicológica,
intencionais e repetidos, cometidos
contra uma determinada vítima.
É um ato agressivo sistemático que
envolve ameaça, intimidação ou coesão.
A sua prática pode ser em qualquer local,
mas geralmente ocorre com
mais frequência em escolas.
O bullying trata-se de uma ação verbal
que pode, em situações extremas,
até evoluir para a agressão física.
“Neste mundo, ou somos, ou não somos.”
Julian repudia Quitéria, assim como todo mundo.
Quitéria, por sua vez, ama Julian;
no mundinho criado em sua cabeça, ele é o seu namorado.
Será que Quitéria foi mesmo abusada quando pequena,
como dizem os boatos espalhados pelas crianças?
Julian é mesmo sem coração ou apenas
mais uma criança inconsequente tentando ser aceita?
“Só a convivência é capaz de desabrochar
os mais verdadeiros sentimentos.
O melhor deles, o amor, é um mistério.”
Numa sociedade de atos abomináveis,
dois jovens se veem sofrendo situações
de preconceito e maldade humana.
Numa sociedade de atos abomináveis,
Juliana de Azevedo nos brinda com
o seu conto Monstrenga e nos surpreende
ao trazer temáticas importantes para
debate e reflexão, como padrões impostos
pela sociedade, xenofobia, empatia e bullying,
e tratar com sensibilidade e habilidade em sua escrita
o que há de mais monstruoso em cada um de nós.
Ilustração: Jornal Rio de Flores


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