Sempre ouvimos dizer dois cenários
opostos:
“Dinheiro traz felicidade” e
“Dinheiro não traz felicidade”.
Se a balança não estiver equilibrada teremos
sérios problemas a vários níveis.
Dou-lhe um exemplo muito concreto.
Esta semana a minha filha, assim do nada, veio ter comigo e ofereceu-me um
pequenino raminho de flores silvestres que apanhou no nosso jardim. As flores
do fim de inverno já começam a aparecer em Portugal!
O coração de mãe é de mel, como
sabemos, e este presente fê-lo vibrar, batendo mais forte e mais feliz.
Já teve essa sensação? É única e
deixa uma marca positiva para sempre, uma tatuagem invisível de amor e
cumplicidade.
É que os presentes simples dos
filhos, e que vêm sem se esperar, só porque sim, sem comemorações ou
obrigações, são sempre recompensadores e supremos.
Pessoalmente, não aprecio muito
comemorações impostas, só porque é determinado dia, seja de aniversário, seja outro
qualquer de imposição do calendário ou impulsionado pelo comércio. São muitos
falsos, ocos, vazios. São só porque sim e o significado ou o estado de espírito
perde-se a maior parte das vezes.
Prefiro comemorar momentos, aproveitar cada momento inesperado cheio de brilho e de luz e retê-lo em mim. Esses momentos são dádivas e a maioria dos que interessam verdadeiramente são gratuitos.
Agora vem a segunda parte: será que a
minha filha poderia apanhar estas flores no próprio jardim, naquele dia e
naquele momento de inspiração para fazer este ato se não houvesse casa com
jardim, dinheiro para ter esse espaço? Não.
É por isso a importância de dar
espaço para ter dinheiro e valores em equilíbrio, não colocando o foco só num
dos lados. Necessitamos de dinheiro e ele é fundamental, claro, mas não é
automática a ligação.
Há tanto que não se compra nem se
paga apenas ou cuja compra é demasiado cara, cara não em dinheiro mas naquilo
que foi necessário fazer para essa aquisição.
Há que haver um fluir, perguntando a
nós próprios o custo de cada ação. Quanto custa cada minuto da nossa vida a
fazer algo e se o retorno é maior ou menor que o gasto. Quando e quanto estamos
dispostos a investir e quanto vale essa troca.
Há um conceito simples que há muitos
anos me acompanha, e que é à volta do trabalho e do descanso. É o equilíbrio e
o permitir-me aproveitar o meu tempo para ambos, sendo que fazer aquilo que
gosto, como escrever esta crónica ou um livro ou ter tempo só com a minha
própria companhia é para mim considerado descanso. Para si serão possivelmente outros
itens.
O fundamental é priorizar e
equilibrar, encontrando a nossa própria felicidade, aquela que nos traz brilho
ao olhar e que só cada um de nós sabe o que é, porque o que é a felicidade para
um não é forçosamente o que é a felicidade para o outro, tal como certamente
pensar que o dinheiro traz ou não traz a felicidade é igualmente limitativo e
redutor.
Ilustração: Jornal Rio de Flores
Susana Veiga Branco. Mestre em
Gestão de Organizações de economia social, licenciada na área de
Jornalismo/Comunicação Social, formadora, owner e CEO de empresas na área de
investimentos imobiliários.
Escritora de
prosa e poesia, cronista na imprensa escrita e rádio, coautora em 20 coletâneas
de poesia e prosa em Portugal e no Brasil,
investigadora na área social e do património, com livros publicados e
publicações académicas em jornais e no CIJVS-Centro de Investigação
Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, do qual é associada. Membro da
APP-Associação Portuguesa de Poetas (Lisboa). Curadoura de arte. Artista
plástica com exposições individuais e coletivas e
participações em encontros internacionais de artistas plásticos. Participa
no Jornal Rio de Flores - Brasil, com a coluna “Contemporaneidade e estilos de
vida” e em Portugal é cronista em programas de rádios e participa no programa
de poesia radiofónico Livro Aberto.
Autora da 1ª e 2ª edição do livro “O Tempo não vai apagar - São Vicente do Paúl – Santarém – Ribatejo - Portugal”, entre outros. Ilustrações (e escrita) do livro bilingue "Mãe, fala para o ouvido bom..." (2021) e do livro “Faísca sem medo” (2023).
Prémios:1º Prémio - “Pictorin-III International artists meeting”, obra “Santareno´s Concepts” (2020); Menção Honrosa - “Pictorin-V International artists meeting” (2022), instalação “Poetry of the search-Susteinability essay 3”; Selecionada para o evento de exposição e leilão CAPITI (2023) no MAAT Lisboa e leiloeira “Palácio do Correio Velho”. 1º Prémio - Ilustração “Livre para germinar” para a capa da Antologia trilíngue “Revoluções -na cultura, na arte, na política e nas relações” (2023) da Associação Cultural Internacional ACIM.
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| Edição e Direção Geral Renato Galvão |


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