segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

 


Sempre ouvimos dizer dois cenários opostos:

Dinheiro traz felicidade” e “Dinheiro não traz felicidade”.

Se a balança não estiver equilibrada teremos sérios problemas a vários níveis.

Dou-lhe um exemplo muito concreto. Esta semana a minha filha, assim do nada, veio ter comigo e ofereceu-me um pequenino raminho de flores silvestres que apanhou no nosso jardim. As flores do fim de inverno já começam a aparecer em Portugal!

O coração de mãe é de mel, como sabemos, e este presente fê-lo vibrar, batendo mais forte e mais feliz.

Já teve essa sensação? É única e deixa uma marca positiva para sempre, uma tatuagem invisível de amor e cumplicidade.

É que os presentes simples dos filhos, e que vêm sem se esperar, só porque sim, sem comemorações ou obrigações, são sempre recompensadores e supremos.

Pessoalmente, não aprecio muito comemorações impostas, só porque é determinado dia, seja de aniversário, seja outro qualquer de imposição do calendário ou impulsionado pelo comércio. São muitos falsos, ocos, vazios. São só porque sim e o significado ou o estado de espírito perde-se a maior parte das vezes.

Prefiro comemorar momentos, aproveitar cada momento inesperado cheio de brilho e de luz e retê-lo em mim. Esses momentos são dádivas e a maioria dos que interessam verdadeiramente são gratuitos. 

Agora vem a segunda parte: será que a minha filha poderia apanhar estas flores no próprio jardim, naquele dia e naquele momento de inspiração para fazer este ato se não houvesse casa com jardim, dinheiro para ter esse espaço? Não.

É por isso a importância de dar espaço para ter dinheiro e valores em equilíbrio, não colocando o foco só num dos lados. Necessitamos de dinheiro e ele é fundamental, claro, mas não é automática a ligação.

Há tanto que não se compra nem se paga apenas ou cuja compra é demasiado cara, cara não em dinheiro mas naquilo que foi necessário fazer para essa aquisição.

Há que haver um fluir, perguntando a nós próprios o custo de cada ação. Quanto custa cada minuto da nossa vida a fazer algo e se o retorno é maior ou menor que o gasto. Quando e quanto estamos dispostos a investir e quanto vale essa troca.

Há um conceito simples que há muitos anos me acompanha, e que é à volta do trabalho e do descanso. É o equilíbrio e o permitir-me aproveitar o meu tempo para ambos, sendo que fazer aquilo que gosto, como escrever esta crónica ou um livro ou ter tempo só com a minha própria companhia é para mim considerado descanso. Para si serão possivelmente outros itens.

O fundamental é priorizar e equilibrar, encontrando a nossa própria felicidade, aquela que nos traz brilho ao olhar e que só cada um de nós sabe o que é, porque o que é a felicidade para um não é forçosamente o que é a felicidade para o outro, tal como certamente pensar que o dinheiro traz ou não traz a felicidade é igualmente limitativo e redutor.

Texto: Susana Veiga Branco
Ilustração: Jornal Rio de Flores

Susana Veiga Branco. Mestre em Gestão de Organizações de economia social, licenciada na área de Jornalismo/Comunicação Social, formadora, owner e CEO de empresas na área de investimentos imobiliários.

Escritora de prosa e poesia, cronista na imprensa escrita e rádio, coautora em 20 coletâneas de poesia e prosa em Portugal e no Brasil, investigadora na área social e do património, com livros publicados e publicações académicas em jornais e no CIJVS-Centro de Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, do qual é associada. Membro da APP-Associação Portuguesa de Poetas (Lisboa). Curadoura de arte. Artista plástica com exposições individuais e coletivas e participações em encontros internacionais de artistas plásticos. Participa no Jornal Rio de Flores - Brasil, com a coluna “Contemporaneidade e estilos de vida” e em Portugal é cronista em programas de rádios e participa no programa de poesia radiofónico Livro Aberto.

Autora da 1ª e 2ª edição do livro “O Tempo não vai apagar - São Vicente do Paúl – Santarém – Ribatejo - Portugal”, entre outros. Ilustrações (e escrita) do livro bilingue "Mãe, fala para o ouvido bom..." (2021) e do livro “Faísca sem medo” (2023).

Prémios:1º Prémio - “Pictorin-III International artists meeting”, obra “Santareno´s Concepts” (2020); Menção Honrosa - “Pictorin-V International artists meeting” (2022), instalação “Poetry of the search-Susteinability essay 3”; Selecionada para o evento de exposição e leilão CAPITI (2023) no MAAT Lisboa e leiloeira “Palácio do Correio Velho”. 1º Prémio - Ilustração “Livre para germinar” para a capa da Antologia trilíngue “Revoluções -na cultura, na arte, na política e nas relações” (2023) da Associação Cultural Internacional ACIM.


Edição e Direção Geral 
Renato Galvão



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