segunda-feira, 27 de novembro de 2023


Há amor em dezembro?

Há amor no Natal?

Facilmente substituímos o significado da verdadeira partilha apenas pela partilha desenfreada, sem pensar muito, apenas altamente consumista, apenas por obrigação.

Um dos aspetos mais graves, a meu ver, é nem darmos conta do mesmo, é fazê-lo de uma forma já natural e já habitual.

Comprar, comprar, comprar... gastar, gastar, gastar, sem refletir muito, sem ser especial... comprar, comprar, comprar., gastar, gastar, gastar...

Facilmente promovemos assim o oposto da essência do Natal.

Proponho um dezembro calmo e tranquilo, sorrindo perante cada detalhe, cada luz, cada pormenor, cada pessoa, dando a cada um destes exemplos o significado especial que detêm em si próprios. Sentindo.

Pararmos um pouco e darmos atenção ao outro, passarmos tempo com pessoas é Natal.

Escolhermos um presente não pelo seu valor monetário, mas pelo que significa é Natal.

Comprar ao pequeno produtor/empresário e ao negócio local e tradicional, em vez de em grandes superfícies, é ajudar a economia desses negócios, que em grande parte das situações têm dificuldade de prosperar, é Natal.

Fazer os nossos embrulhos de presentes, em vez de comprar embrulhos, mas sim reciclando materiais, permitindo à nossa imaginação voar, é deixarmos neles um pouco de nós, da nossa criatividade e carinho. Menos papel, menos plástico e afins e mais inspiração, menos gastos e mais saúde.

Efetuar os presentes em vez de comprar muitas vezes também é possível e ficam únicos e cheios de significado.

Não utilizarmos materiais em vias de extinção nas nossas decorações natalícias (em Portugal, por exemplo, vários tipos de musgos com que se fazem os presépios estão em extinção, mas outros existem consoante os países) e criarmos as nossas decorações, tornando a quadra mais sustentável e com menos desperdícios é Natal.

À pouco mencionei “mais saúde” e isto porque sim, é verdade que ao ciarmos e ao permitirmos ter tempo para pensar nas outras pessoas leva-nos a uma melhoria da saúde mental. Fazer nascer algo, produzir um presente ou um embrulho e oferecê-los, sendo especiais, leva a uma melhoria da nossa qualidade de vida mental, gerando grandes índices de felicidade.

Sabia que dar algo especial deixa-nos mais felizes do que ao receber?

Sabia que nós temos no nosso corpo e em nós a auto cura, temos neurotransmissores que geram as sensações de felicidade, de bem-estar e de alegria? É só ajudá-los na própria produção.

Por exemplo os grandes abraços estimulam a libertação de ocitocina no cérebro; o estar com pessoas que consideramos boa companhia liberta serotonina e endorfinas no organismo; os trabalhos manuais levam à produção de dopamina. E muitas outras situações há.

Depois destas provas, é colocar em prática e refazer o Natal.

Quanto à pergunta inicial, a resposta é que poderá haver verdadeiro amor em dezembro e no Natal, e como se costuma dizer, “com pouco se consegue muito, basta querer!”.

Texto: Susana Veiga Branco
Ilustração: Jornal Rio de Flores 

Susana Veiga Branco. Escritora de prosa e poesia, cronista na imprensa escrita e rádio, coautora em coletâneas em Portugal e no Brasil e investigadora na área social e do património, com livros publicados e publicações académicas em jornais e no CIJVS-Centro de Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, do qual é associada. Membro da APP-Associação Portuguesa de Poetas (Lisboa). Curadora de arte. Artista plástica. Diversas exposições individuais e coletivas em Lisboa e Santarém e participações em encontros internacionais de artistas plásticos. Autora da 1ª e 2ª edição do livro “O Tempo não vai apagar - São Vicente do Paúl – Santarém-Ribatejo-Portugal”, entre outros. Ilustrações do livro bilingue "Mãe, fala para o ouvido bom..." (2021) e do livro “Faísca sem medo” (2023). Na Editora Rio de Flores, é coautora de poesia nas obras “Palavras Libertas” e “A arte de escrever”. Participa no Jornal Rio de Flores como colunista, com a coluna “Contemporaneidade e estilos de vida”.
Prémios: 1º Prémio - “Pictorin-III International artists meeting”, obra “Santareno´s Concepts” (2020); 
Menção Honrosa - “Pictorin-V International artists meeting” (2022), instalação “Poetry of the search-Susteinability essay 3”;
Selecionada para o evento de exposição e leilão CAPITI (2023) no MAAT Lisboa e leiloeira “Palácio do Correio Velho”.
1º Prémio - Ilustração “Livre para germinar” para a capa da Antologia trilíngue “Revoluções -na cultura, na arte, na política e nas relações” (2023) da Associação Cultural Internacional ACIM.

Edição e Direção Geral
Renato Galvão




4 comentários:

  1. Olá Susana, aqui é o Rocha Maia. Li e percebi sua mensagem Dezembro e Natal, com grande carinho. Um texto muito rico de sugestões. Concordei com tudo o que escreves. Houve uma época da minha vida que eu estive muito ligado ao tema. Fantasiava-me de Papai Noel. Não vou entrar em detalhes, mas garanto que deixei essa prática em razão dessa forma mercantilista como o Natal vem sendo tratado entre nós. Parabéns pelo artigo muito bem escrito e de conteúdo bastante importante. Felicidades.

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  2. Ola Susana ! Que belo texto reflexivo !
    Várias vezes surpreendo-me com prendas embaladas artesanalmente e fico pensativa… vou parar nesses tempos quase esquecidos, em que embalar um presente , era uma dádiva de si. Colar um raminho no final, colar estrelinhas ou mesmo decorar os envelopes… saudades.
    Parabéns
    Ana Mendes

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  3. Muito obrigada! Os embrulhos feitos com amor têm um valor especial! Feliz Natal!🎁🎄❤️🫶

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