quarta-feira, 22 de novembro de 2023

 


" ESTOU SENTADO À BEIRA DO ABISMO DE MINHA ALMA, LEVANTO-ME E SINTO O VENTO NOS MEUS CABELOS, UM PÉ NO NADA E O OUTRO ME PRENDE DOLOROSAMENTE AO CONCRETO FRIO.
CONCRETO QUE ENCONTRAREI EM BREVE DEZ ANDARES ABAIXO"

"A DOR NO PEITO, A VERTIGEM E A FALTA DE AR A CEGOU DE TAL MANEIRA QUE SEUS PÉS A LEVARAM EM DIREÇÃO AOS TRILHOS, ELA NÃO QUERIA MORRER REALMENTE, SÓ QUERIA ACABAR COM AQUELA DOR INSUPORTÁVEL.
APODERADA DE UMA CORAGEM REPENTINA, CLARICE TOMOU A DECISÃO"

Quantas dores somos capazes de suportar?
Qual é o limite para você?
O suicídio é um ato de libertadora coragem ou apenas pura e condensada covardia de enfrentar de frente as adversidades da vida?
Fingir que não existe é a forma mais fácil para combater os problemas causados pela depressão?
Na pele, as marcas deixam cicatrizes visíveis aos olhos.
Na alma, as feridas invisíveis machucam e latejam incessantemente a cada rompante de lembrança.

" A MAIORIA DAS MULHERES SONHA EM CONHECER O AMOR DA SUA VIDA, E EU TAMBÉM ANSIAVA POR ENCONTRAR A MINHA CARA METADE. ALGUÉM DIGNO DE RECEBER O MEU CORAÇÃO E CUIDAR DELE, POIS O QUE EU MAIS QUERIA ERA SER AMADA E PROTEGIDA"

Um encontro fatídico em uma biblioteca municipal muda e marca a vida de Cinthia para sempre.
A sua história de amor com Vinicius é um verdadeiro conto de fadas mas aos poucos o ciúme e a obsessão transforma tudo em agonia, desespero e o amor que outrora era acolhedor e fazia bem se torna um peso impossível de suportar no peito.
A primeira agressão nunca será a última e Cinthia já cansada de viver essa situação e sentir na pele a violência de Vinicius, vê apenas uma alternativa capaz de livrá-la desse tormento.
Quem fere esquece, mas quem é ferido jamais.

"_UM LIXO! ME SINTO UM LIXO. -CONFESSA A MULHER AO TELEFONE. - O LIXO DO BALDINHO DA PIA DA COZINHA, DA LIXEIRA DO BANHEIRO, DOS SACOS PRETOS QUE FICAM JOGADOS NA CALÇADA. EU VOU SUMIR E NINGUÉM VAI DAR POR FALTA DE MIM. NINGUÉM!"

"PARECIA QUE UMA FORÇA ME PRENDIA NAQUELE LUGAR. OU ENTÃO QUE TODAS AS FORÇAS QUE EU TINHA, ME DERRUBARAM ALI. E ALI EU FICARIA. PASSAVA AS HORAS DORMINDO, NA TENTATIVA DE QUE OS DIAS PASSASSEM MAIS DEPRESA E, COM ELES, A DOR QUE EU SENTIA, O VAZIO QUE ME COBRIA"

A depressão é o mal do século e um dos distúrbios mentais que mais vem ganhando destaque atualmente.
Doença silenciosa caracterizada por um conjunto de condições associadas à elevação ou ao rebaixamento do humor, a depressão até hoje gera discussão entre a população.
Pode até parecer besteira e até frescura, mas a depressão é coisa séria e precisa ter a devida atenção afinal, quando menos esperar, pode ser tarde demais pois a perda de interesse pelas atividades do cotidiano, quando persistente, não apenas prejudica o convívio do dia-a-dia como também em um estado mais grave da doença pode até levar a morte.


"ISSO É UM FATO; EU TENTEI MORRER. NÃO FOI UMA, DUAS OU TRÊS TENTATIVAS, MAS CINCO! INFINITAS POSSIBILIDADES, FINITAS CONSEQUÊNCIAS. O QUE ME FEZ DESISTIR? NADA. APENAS FALHEI EM TODAS ELAS.

"DIZEM QUE NA VIDA QUANDO VOCÊ MORRE, UM FILME PASSA NA FRENTE DE SEUS OLHOS. VOCÊ É A PEÇA DA HISTÓRIA. NINGUÉM TE JULGA, NÃO EXISTE COBRANÇAS, APENAS UM ATO PARA VOCÊ REFLETIR "

As cicatrizes não são capazes de fazer a dor não existir.
Na pele, registram os restos das dores físicas que sofremos.
Na vida, são como lembretes constantes dos traumas e experiências ruins que vivemos.
Cada marca carrega consigo uma lição, um aprendizado, uma superação alcançada.
Cicatrizes na alma fazem parte de cada um de nós querendo-as ou não, fazem parte da nossa história e do que somos hoje como pessoas.

" NÃO SEI COMO AGUENTEI ISSO TUDO ATÉ HOJE, ME CONSIDERO FORTE SÓ POR TER CHEGADO ATÉ AQUI, MAS MINHAS FORÇAS ACABARAM E SEI QUE NÃO SUPORTAREI MAIS, SOZINHA NÃO.
ENTÃO, OLHEI MEUS PULSOS E PASSEI A LÂMINA, SEM MEDO, SEM ARREPENDIMENTO, SEM DÓ.

"CINCO ANOS JÁ PASSARAM-SE, MAS TODAS AS NOITES,  QUANDO DEITO A CABEÇA NO TRAVESSEIRO, AINDA OUÇO O CHORO DELE, DO MEU MIGUEL,  MEU BEBÊ QUE EU ASSASSINEI ANTES DO TERCEIRO MÊS DE GESTAÇÃO, SEM DAR A ELE A MÍNIMA CHANCE DE DEFESA"

Entre tristes fins e novos recomeços a ANTOLOGIA CICATRIZES NA ALMA organizada por VANESSA NUNES surge como uma mão estendida,
uma luz de esperança e empatia ao próximo.
A alma despedaçada pela depressão em silêncio suplica por socorro; necessita de brigo, amparo; pede por carinho, empatia, compreensão.
As cicatrizes deixam marcas profundas, invisíveis feridas na alma que transbordam a razão e nos deixam vulneráveis, no limite dos sentimentos.
Com muita sensibilidade, carinho e atenção, cada conto aborda uma maneira diferente de se chegar ao profundo descontentamento da vida, porém, a cada desabafo, cada relato, a mensagem que fica é que há sim esperança, uma luz no fim do túnel; há sim uma solução para esse vazio que parece não ter fim e essa vontade desmedida de sumir, de deixar de existir, de desaparecer para sempre.

Adorei a leitura e me encantar por cada conto, além de conhecer um pouco do trabalho de cada coautor que participa da Antologia. Parabenizo todos pela sensibilidade engajado no projeto e agradeço a minha amiga Gia Oliver por me apresentar esse lindo trabalho.
Está mais que recomendado.

Texto: Jefferson Pontes
Ilustração: Jornal Rio de Flores

Jefferson Pontes, nasceu em Natal/RN em 1992 e mudou se ainda pequeno para São Paulo. Trabalha como conferente de valores em uma empresa de ônibus na cidade de Itu/SP onde reside com sua esposa e suas filhas. Tem duas edições de sua série intitulado O que ela não lhe disse publicados até o momento. É escritor, poeta, compositor e colunista no blog do Jornal Rio de Flores de Teresópolis-RJ onde em sua coluna escreve resenhas de vários livros nacionais. Em 2020 recebeu uma moção de aplauso dos vereadores da cidade pela publicação da primeira edição do seu livro intitulado “O Que Ela Não Lhe Disse”. Em 2021 ficou entre os 44 classificados no primeiro prêmio Art Letras de Literatura organizado pela Art Letras Editora. Em 2022 recebeu o título de referência e qualificação literária Paladinus Literary cedido pela Academia Independente de Letras. Antologias e Coletâneas que participou: “Palavra em Ação” (Editora Alecrim); “Almas Cativas” (Biblos Editora), “Ainda Te Amo” (The Four Editora); Eu Continuo te amando” (Andros Editora); “Rio de Flores”, “Encantos da Lua”, “As Faces do Amor”, “Vida” e “A Arte de Escrever” (Rio de Flores); “Caixa de Memórias”, “Elementais” e “A Coragem de Pensar Diferente” (Antologias Brasil).
 
Vanessa Nunes. Autora, organizadora de antologias, mãe e nerd.
Vanessa Nunes descobriu sua paixão por escrever histórias graças ao incentivo de amigas.
É casada, mãe de três crianças lindas e dedica o pouco tempo que lhe sobra para organizar antologias cheias de significado e representatividade.
É organizadora de diversas obras, como "Cicatrizes na Alma", "O mal nunca morre", "Vivendo na Terra do Nunca" entre outras.
É criadora e idealizadora do “EmContos”, por onde ainda publicará muitas outras narrativas.

Edição e Direção Geral
Renato Galvão


Um comentário:

  1. Essa Antologia é muito gostosa de se ler, apesar da temática do suicídio.

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