quinta-feira, 7 de setembro de 2023

 

Na natureza, os aromas envolvem-nos, levando-nos a exalar mais profundamente, em aromoterapia saudável e restabelecedora. Mensagens olfativas.

Fora da natureza, tropeçamos de cheiro em cheiro: assim poderíamos descrever o nosso caminhar pelas ruas, no local de trabalho, no convívio com os amigos, em ambiente social.

Se no século XVIII, Jean-Baptiste Grenouille, o artesão perfumista protagonista da obra “O Perfume” de Patrick Süskind, queria captar e criar o perfume supremo, hoje em dia a miscelânea de perfumes, quantidade e intensidade é tanta que imensas vezes ao dia damos por nós a conter a respiração face a quem passa por nós ou a comentar como tal perfume nos provoca dor de cabeça, por exemplo.

Mas esta é apenas uma parte da questão. A outra relaciona-se com as substâncias químicas perigosas para a saúde que estão na composição dos perfumes e cosméticos atuais, como os almíscares de síntese (composto aromático que substitui os produtos naturais) e o ftalato de dietilo (DEP). Compostos sintéticos tóxicos para o sistema nervoso e cérebro, levando ao desequilíbrio hormonal, enxaqueca severa, tonturas, náuseas, dor de garganta, irritação nos olhos, alergias na pele, asma, problemas emocionais como ansiedade e alterações de humor e até mesmo a alzheimer e parkinson.

Assustador, no mínimo.

Isto mesmo em marcas que se dizem naturais, que muitas vezes mentem.

A mistura dos vários cheiros dos produtos de higiene e beleza que se usam é cada vez maior, com as indústrias a optarem pela chamada de atenção pelo cheiro.

A neutralidade, no entanto, já faz o seu caminho e a perspectiva mais simples e discreta já é um nicho com adeptos. Confesso que sou uma dessas pessoas, que buscam pelo neutro, embora estes produtos sejam tão difíceis de encontrar.

É por tudo isto que estou a diminuir a utilização de perfume e que quando terminar as embalagens que tenho em casa, embora goste dos aromas, não volto a adquiri-los. Vou utilizar antes o dinheiro em experiências, em viver em vez de ter. Arte, galerias, livros, gastronomia, ... há tanto por onde optar.

A utilização de produtos mais neutros em termos de cheiro e de químicos é fundamental tanto para nós como para os outros, mais agradável, pois após a higiene cada um de nós tem o seu próprio cheiro, único, e ele faz a diferença nos nossos pares e inter-relacionamentos, não o devendo nós mesclar com substâncias adicionais e enganadoras...

Texto: Susana Veiga Branco
Edição e Ilustração: Jornal Rio de Flores

Susana Veiga BrancoMestre em Gestão de Organizações de Economia Social, licenciada na área de Jornalismo e Comunicação, frequentou o Curso de Estudos Europeus Jean Monnet, entre outros. Empresária na área de investimentos e consultoria, owner e CEO de empresas do setor de investimentos imobiliários. Foi Docente e presentemente é Formadora nas áreas social, de gestão e cidadania. Autarca. Cronista na imprensa escrita e rádio, autora, co-autora em coletâneas de poesia em Portugal e no Brasil e investigadora na área social e do património, com livros publicados e publicações académicas em jornais e no CIJVS-Centro de Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, do qual é membro, assim como diretora de outras entidades sociais e culturais. Membro da APP-Associação Portuguesa de Poetas (Lisboa). Curadoura de arte. Artista plástica, vencedora de um prémio e uma menção honrosa em concursos internacionais, com exposições individuais e coletivas e ilustradora do livro “Mãe, fala para o ouvido bom...”. Vê nas artes a abstração essencial para elevar o foco em tudo aquilo que se propõe fazer. Na Editora Rio de Flores, é co-autora na obra Palavras Libertas - poesia. Participa no Jornal Rio de Flores como colunista, com a coluna “Contemporaneidade e estilos de vida”.

Edição e Direção Geral
Renato Galvão



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