sexta-feira, 7 de julho de 2023

Figura 01 - Ilustração Jornal Rio de Flores

Quando solteiro, ainda bem jovem, morando numa fazendinha, Dagoberto havia passado por algumas situações estranhas. Coisas banais, fenômenos sem maior importância, embora fossem diferentes. Desde menino, ele sentia vibrações, sensações estranhas e percepções de crescimento, momentâneo exagerado, das formas do corpo, aumento de velocidade no deslocamento das coisas, sons amplificados acima do normal, sensações que surgiam, do nada, sem maiores avisos, de forma que ele não podia identificar as causas daqueles efeitos anormais.

Uma ocasião chegou a comentar aquilo com sua mãe! Ela era compreensiva e sempre tivera um bom diálogo. A mãe lembrou que, possivelmente, aqueles eram efeitos de um problema de hereditariedade, chamado distúrbio do sistema vago-simpático. Sem entender nada daquilo que a mãe falou, ficou satisfeito com a possibilidade de não ser algo tão grave. Talvez tenha ficado, vamos dizer assim, “vagamente-simpático” com a Coisa. Sim! Isso mesmo, a Coisa! Foi assim, de forma tão simples, que ele passou a fazer referência aquele distúrbio; afinal de contas, para ele, era apenas o “sovaco-simpático!”

Sempre muito brincalhão, ele adorava fazer trocadilhos! SOVACO-SIMPÁTICO!

Uma outra coisa estranha! Dagoberto lembrava da história, contada pela avó! Ela, jurava de pés juntos, afirmando ter visto, nos céus do Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro, em pleno céu azul de domingo, uma formação de objetos voadores não identificados (OVNIs), à época denominados Discos Voadores.

Assim a avó contava: -“Estava no jardim de casa, molhando as plantas, quando resolvi olhar numa árvore um bem-te-vi cantando. Do nada, olhei o céu acima da paisagem, e vi uma esquadrilha de objetos voando. A princípio, pensei que eram aviões! Quem sabe da FAB, Esquadrilha da Fumaça? Sem qualquer outra evidência, aqueles objetos fizeram manobras, impossíveis para aviões, mudando de direção e de velocidade de forma incomum. Por alguns segundos, ficaram imobilizados, como a flutuar no ar; logo a seguir fizeram, novamente, piruetas e deslocamentos vertiginosos. Cheguei a gritar! Fiquei espantada! Foi quando chamei a empregada Gildenete! Queria que ela pudesse, junto comigo, testemunhar aqueles fenômenos! Infelizmente, antes que a minha empregada chegasse, os objetos desapareceram! Puff! Sumiram! Fiquei receosa de ser ridicularizada, meti o zíper na boca e calei; poucas pessoas ficaram sabendo na época! Só agora, estou novamente contando a história, afinal, falar sobre avistamento de ETS ou OVNIs sempre foi motivo de muita zoação! Né?”

O pai do Dagoberto, um experiente piloto da FAB, na época, desacreditou daquela história que a velhinha contava. Ele afirmava ser tudo fruto de imaginação. Entretanto, ela retrucava dizendo que o aviador falava daquela maneira, somente, por haver uma rixa ente o genro e ela, a sogra! Pelo sim ou pelo não, no dia seguinte, fontes independentes publicaram, nos jornais locais, notícia de que objetos não identificados haviam sido avistados, nos céus da Barra da Tijuca!

Pensava então Dagoberto: - “Vovó deve ter razão; aqueles avistamentos não podiam ser coisas do “sovaco-simpático”! O tempo passou e a vovó já morava faz tempo nas “estrelinhas”! Muita saudade, porém, Dagoberto pouco lembrava daquelas historinhas! Nem de coisas do “sovaco-simpático”, nem de Ovnis!

Era o ano de 2010! Dagoberto passou alguns dias em Lisboa! Um turismo privilegiado! Dando prosseguimento à viagem que havia iniciado, pela região Norte, na cidade do Porto. Estando em Lisboa, foi conhecer a famosa Torre de Belém. Foi lá e, naturalmente, aproveitou para comer pastéis de Belém, além de tirar inúmeras fotos, na companhia da filha. Naquela ocasião, ocorreu uma nova experiência no campo dos fenômenos, desses que podemos chamar de “pouco-normais”. Este que agora irei narrar, diferente dos anteriormente comentados, teve um registro importante. Iremos analisar juntos! São fotos feitas pelo próprio Dagoberto!

Reparem a mancha na fotografia, observando a direção apontada na imagem: 

Figura 2 - Foto Rocha Maia

Chegando ao hotel, Dagoberto foi olhar as fotografias, feitas durante a visita à Torre de Belém! Notou, logo na primeira imagem, um detalhe a ser interpretado. Uma manchinha escura numa das nuvens. Estaria a lente da máquina com alguma sujeira ou, o que seria pior, com algum tipo de dano estrutural? Arranhada?

Não foi possível identificar com clareza a pequena sombra! Rapidamente buscou em outras fotografias algum vestígio semelhante. Poderia ser o quê? Imediatamente, levou ao computador e fez uma primeira aproximação. O arquivo digital estava perfeito.

Logo a seguir, pegou o equipamento, para verificar as condições do possível arranhão ou, com sorte, apenas de uma poeira agarrada na lente? Nenhuma das hipóteses se confirmou! Que alívio! Então o que seria aquela mancha? Um avião, um pássaro, ou seria o Super-Homem? Sucessivas ampliações foram feitas! O formato era bastante claro.

 

Figura 3 - Foto Rocha Maia

Nenhuma das possíveis formas conhecidas permitia chegar a uma conclusão segura, que se encaixasse na silhueta da mancha na imagem. Nitidamente, o objeto estaria acima das nuvens. O único formato que se coadunava com aquele da foto, fez Dagoberto lembrar da historinha de avó! Poderia ser a de um Disco Voador? Buscou encontrar aquela forma no céu, em outras fotografias, tiradas no mesmo local, com mínima diferença de tempo! Nada mais ele constatou que pudesse ser comparado. Naquele instante, ele lembrou do detalhe, contado por sua avó, que dizia, por questões de segundos, ter perdido o testemunho ocular da empregada, para a confirmação do caso dos objetos voadores não identificados, em razão da altíssima velocidade de deslocamento dos Ovnis no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Observem nas imagens abaixo, a indicação do detalhe, para onde aponta a flecha: 

Figura 4 - Fotos Rocha Maia

No dia seguinte, Dagoberto procurou saber, nos jornais disponibilizados pelo hotel, se havia alguma notícia, comentando aquele “FENÓMENO”. Ficou decepcionado, posto que nem mesmo alguma pequena matéria falava sobre o caso. Infelizmente, a dúvida permaneceu e, até hoje, quando comenta com a filha sobre o “fenómeno”, ela sorri discretamente e fala: “Cuidado com esse assunto, pai! Vão acabar nos chamando de loucos, coisa de quem sofre do “sovaco-simpático”!”

Texto e Fotos; Rocha Maia
Edição e Ilustração: Jornal Rio de Flores

Luiz Roberto da Rocha Maia – nasceu no Rio de Janeiro/1947. Morou em Teresópolis e Brasília e, atualmente, em Rio das Ostras. Em 2023, completa mais de cinquenta anos de atividade cultural.

Membro de diversas entidades culturais, no Brasil e em Portugal, é Fundador da Associação Candanga de Artistas Visuais - Brasília /DF. Membro da Academia Brasileira de Belas Artes – ABBA do Rio de Janeiro; e da Academia de Letras e Artes ALEART, Região dos Lagos/RJ. Participou de mais de duzentos eventos de artes no Brasil, Cuba, Portugal, França e Bulgária. Recebeu mais de setenta premiações e destaques em salões de artes plásticas.

Citado em catálogos e sites, possui obras expostas em galerias no Brasil e no exterior; bem como nos acervos do Museu Naïf de São José do Rio Preto/SP; MIAN/Rio/RJ; SESC/SP, na coleção do Château des Réaux; e do Museu Internacional de Arte Naïf de Vicq, na França. Seus quadros estão presentes também em pinacotecas de diversas entidades e coleções de aficionados por arte naïf no Brasil, Cuba, França, Itália, Espanha, Chile, Japão, Bolívia e Portugal.

Por três vezes foi selecionado para a Bienal Naïfs do Brasil, tendo recebido o prêmio aquisição 2006, em Piracicaba/SP. Na literatura, publicou o catálogo “Ingenuidade Consciente”, Editora A3 Gráfica e Editora – 2010; o livro “O Diário de Lili Beth”, pela editora Videu – 2021; e colaborou com a Coluna Arte Animal, da revista digital Animal Business Brasil, escrevendo artigos versando sobre a presença de animais como tema nas belas artes. 


Edição e Direção Geral
Renato Galvão









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