RESENHAS por Jefferson Pontes

Livro: Nos Labirintos da Palavra . Autor: Pietro Costa

Jefferson Pontes - Escritor

"A VIDA DO POETA NÃO PERTENCE A UMA TEMPORALIDADE,  TAMPOUCO SE FINDA EM UMA LÁPIDE, MAS É ESCULPIDA, SENTIDA E TRANSFORMADA NA CARNE E NO CORAÇÃO DE SEUS VERSOS E OBRAS, OS SEUS RESTOS IMORTAIS, A MOVER, INSPIRAR E ENCANTAR SUCESSIVAS GERAÇÕES"

No início era o verbo e tudo se fez existente a partir dele.
As ínfimas reações táteis são capazes de causar erupções de sensações pelo corpo e ACUMULAR AMOR.
Um singular FRESCOR no olhar desperta enraizados sentires no íntimo do AMOR IMORTALIZADO.
Uma tênue palavra é capaz de criar grades, construir muros defensivos  nO TEMPO DO SER para conter o DESENCANTO e o mar de prantos À DERIVA prestes a se romper.
Os RASTROS DE LUTA e as trilhas NA ESTRADA do querer ser poeta não se afligem com CARCAÇAS DE CONCRETO ou por VENTOS DE MUDANÇA que espalham o desejo de se entregar ao puro COLÁGENO da poesia e tê-la na pele a todo custo.

"NA VOZ DO POETA, O MUNDO INTEIRO SE EXPRESSA,  SUPLICA, SONHA E REALIZA, POIS SUA ESCRITA É ESCUTA ATIVA, É O CINZEL  QUE SUAVIZA ARESTAS, É ARTE ESCULPIDA DO CHÃO DA VIDA"

DE BOM TOM, as palavras são QUEBRADORES DE PEDRA, são veredas inexploradas do tecer poético da alma em FUGA explícita de seu PARAÍSO PARTICULAR, do errante sentir PROFUNDO na carne da pele, da livre SÚPLICA de coexistir solto no ARTIFÍCIE DE TODA A ARTE em toda a sua CONJUNÇÃO, INTERVALO e forma escrita de expressar o seu PRIMORDIAL eu poeta.
A alma completa de sentires e desnuda de si da lugar ao verdadeiro poetizar, o completo e inteiro expressar do eu lírico ganha espaço entre, sensações, entrega e pura poesia.
Assim como as estrelas brilhantes vistas no céu noturno do quarto AZUL PISCINA, as sombras tremeluzentes das palavras escritas na folha em branco guiam a ORIGEM do pensamento e o inspirar dos VERSOS, VASTOS VERSOS do poeta Pietro Costa.

"HAVERÁ UMA FÓRMULA, MÉTODO OU EQUAÇÃO,
UM ARTIFÍCIO OU PARADIGMA DE JUSTIFICAÇÃO,
PARA TENTAR DESLINDAR A EXÍMIA COMPLEIÇÃO
DE UM CÉREBRO TÃO PRODÍGIO NA SUA CRIAÇÃO?"

Cifras da mais pura densidade artística.
Notas que pareciam decifrar os mais imperscrutáveis enigmas.
Fidelio, Sonata Quase uma fantasia, Sinfonias de número 6 e 9 são algumas de suas composições de grandeza inequívoca.
Quando ainda estava vivo, era reverenciado.
Nos dias de hoje ainda é vigorosamente aplaudido.
Era surdo, porém, não fez de sua condição um empecilho, pelo contrário, a sua paixão pela vida e pela música foi o seu ditoso sacrário.
250 anos marcam o seu nascimento.
Os versos dedicados a Beethoven fazem da SINFONIA DO DESCONCERTO não só uma poesia repleta de carinho e paixão por parte do poeta, mas também uma grande homenagem a esse celebre artista.


"NOS LIBERTANTES LABIRINTOS DA PALAVRA A CURA DAS LABIRINTITES BUROCRÁTICAS POETIZANDO OS NOSSOS DESCAMINHOS DA TÊNUE AURORA AO DOBRAR DOS SINOS"

Nesses tempos de Internet e alta acessibilidade digital a escrita se tornou um paraíso de espontaneidade.
Sem perceber, por vezes, incorremos em autossabotagem.
O ENRAIZADO AUTOR precisa DESARMAR-SE e se ligar aos próprios sentires, DESLIMITAR-SE e se conectar ao mundo LABIRÍNTICO das palavras para escrever com naturalidade, porém, evitando o desleixo.
Criando associações de palavras, atentando-se ao que se pretende dizer.
Construindo figuras de linguagens que darão uma nova vida ao que se intenciona transmitir.
Sem reflexão, leitura,  premeditação e exercício da escrita é impossível se considerar um bom escritor.
A leitura e a escrita antes de tudo precisam ser imbuídos de alegria.
Para o poeta BEM-AVENTURADO, produzir literatura é dialogar com as próprias ASAS DA ALMA da vida, é olhar através dOS MUNDOS DE CLARICE e enxergar nos RESTOS DE ALMA alheios o reflexo das suas experiências e habilidade de observação em sua poesia.
No afeto e dignidade moral.
No espírito cívico e empatia.
A poesia pode ser um criador de laços, um GRITO LAPIDAR que  cria vínculos de liberdade e beleza no interior de cada ser.
É VIDA POTENTE que nos faz ser, efetivamente, a cada dia, mais do que meros seres urbanos.

"SOMOS NÁUFRAGOS EM UMA OCEÂNICA SOPA DE LETRINHAS,  E A LITERATURA, O BOTE QUE RESGATA, DA INDIGÊNCIA, AS NOSSAS VIDAS"

Mimetizando flores com o seu versejar.
Emanando calores e plácidos odores.
Com sua natural e imperturbável delicadeza infundi amor sem igual na pele.
Escrita que resiste às areias finas, grafia divinal, intensa e plúrima.
O SER LÍRICA de Cecília Meireles na poesia o amor perdura através do absoluto mar que transige, distende, recua e que vence o grito silencioso das vias urbanas do poetizar.

" SE VIVEMOS EM UMA COMÉDIA OBSCENA,
OU MESMO EM UMA TRAGÉDIA DE LÁUREAS,
ENTRE VAIAS VÁRIAS, ESTRONDOSAS NÁUSEAS,
QUAL PERFORMANCE ESTÁ A ROUBAR A CENA?"

A VIDA É FEMININA, o poeta não possui uma perspectiva única enquanto observador da realidade e PENSADOR DO COTIDIANO.
Escrever trata-se muito mais do que simplesmente ligar ou misturar palavras de modo peculiar, mas sim, de empregar com habilidade a própria sensibilidade e ESPERANÇA POÉTICA nelas, percebendo na TROCA DE OLHARES de seus versos, por mais simples que sejam, como o olhar pessoal pode engrandecer a vasta experiência humana.
A diversificada leitura e o constante diálogo consigo mesmo é o caminho para a formação do seu próprio estilo,  porém, é claro, sempre sob a IRONIA CORTANTE de se tornar plagiador, um mero repetidor de ideias alheias.
Absorvendo temas, estilo de linguagem de seus autores favoritos e persistindo no caminho da escrita, o bom escritor encontra a própria voz ao traçar as nuances da sua inspiração e conhecimento em sua personalidade artística e expressivo estilo escrito.

"A ARTE DESPERTA DE UM SONO PROFUNDO
E LOGO SE DESFAZ DOS LENÇÓIS REFINADOS
QUANTOS SONHOS FORAM PROCRASTINADOS?
QUANTOS ÍMPETOS A FLANAR PELO MUNDO? "

O poeta é JOALHEIRO DE ESTRELAS, é O  SONHADOR DE PÁSSAROS CRIADOR DE MITOS que se entrega de bandeja ao EXPRESSO DO AMANHÃ, aos DILEMAs da vida e sentires mundanos.
DESCAMINHAR É PRECISO, sem vergonha, medo de sofrer ou se entregar ao DEVASTADOR sentir, o poeta é um AMANTE INCURÁVEL e transmuta a sua melancolia e a sua ÁUREA BRAVURA em seu entregue e verdadeiro poetizar.
O ACENO DO POETA não precisa de holofotes, as lágrimas de seu MANANCIAL sofrer ocultos no quarto banham a JUSTIÇA EM CHEQUE dos seus versos dispostos no papel.
Insolência que escandaliza.
COM QUE VERSOS EU ME VISTO?
A FOME INEXORÁVEL de ser poeta é dizer de peito aberto e a plenos pulmões o quão covarde se é ao deixar a saudade calar a voz poética que grita por liberdade no peito de UM SÓ AMANTE.

"ENTÃO, NESTA CARNE VIVA DE PÁGINAS,
O SANGUE SE ESPRAI PELAS LINHAS
A POESIA É LÂMINA QUE TRESPASSA
CAUTERIZANDO AS DORES SEVERINAS
A AFIADA FACA RISCA,
SEM DEIXAR RIMAS POLIDAS"

NÃO HÁ RIMAS POLIDAS para descrever AS FORMAS DIFUSAS DO SER poético de Pietro Costa.
Assim como em LUA A PINO(Primeiro título do autor que tive contato) NOS LABIRINTOS DA PALAVRA a poesia flui como uma fonte viva de conhecimento e lirismo.
Entre discursos e homenagens, audravias e artigos, a poesia em RESSONÂNCIA se faz presente e ganha destaque a cada deslizar de página.
O belo poetizar se fragmenta com habilidade e exímia técnica, AS PESSOAS DO POETA vivem e transcendem na poesia as fases do inspirar, do enaltecer, do desnudar-se da pele a cada rompante de rima que surge no pulsar da alma.

Adorei poder conhecer mais um dos trabalhos de Pietro Costa, já havia sido surpreendo de imediato por sua criatividade e incrível intimidade com as palavras em sua poesia, mais uma vez, a sua escrita é rica, cativante e surpreende.
Está mais que recomendado.

Pietro Costa - Escritor e Poeta

É natural de Brasília/DF, onde permanece residindo. Assessor Jurídico de 2ª Instância - MPU. Pós-Graduação “Lato Sensu” em Globalização, Justiça e Segurança Humana, realizada pela ESMPU em parceria com o Ruhr-Universitat de Bochum/Alemanha. Escritor. Poeta. Ativista e Produtor Cultural. Presidente da Academia Cruzeirense de Letras (2018-2020, 2020-2022). Membro de diversas Academias Literárias e Entidades Culturais no Brasil e no exterior. Embaixador da Paz da OMDDH. Dr. h. c. em Literatura, Ciências Jurídicas e Direitos Humanos. Autor de 7 obras literárias. Coautor de mais de 200 coletâneas. Imortalidade, 2022. Detentor de várias honrarias, prêmios e títulos.

 

 

Fonte: Jefferson Pontes e Pietro Costa

Texto: Jefferson Pontes

Edição: Jornal Rio de Flores

Edição e Direção Geral: Renato Galvão

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