RESENHAS por Jefferson Pontes
Livro: A MULHER DO ESPELHO
Autora: Rita Pinheiro
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| Jefferson Pontes |
DA TRISTEZA DAS LONGAS MADRUGADAS "POESIA";
DO SOL INCÔMODO DAS MANHÃS "MÚSICA,";
DAS ESTRELAS CONTADAS
NO CÉU"ARTE" (...)
As águas de Iemanjá banham a poesia que nasce do fundo do cristalino da alma dO SILÊNCIO DOS PÁSSAROS.
A luz do sol poente reflete no horizonte o brilho da ALMA NUA no olhar reflexivo da poetiza Rita Pinheiro.
A velha rede na varanda não pode confortar a INCERTEZA em seu coração ou extinguir a angústia e a INQUIETAÇÃO do isolamento que cresce no peito, tampouco as paredes frias e sem vida dos cômodos.
A palavra é o seu cajado, é o que lhe dá voz.
O livro é a sua trincheira, a sua batalha interna contra as lembranças que gritam na escuridão do quarto.
A mulher do espelho é mais do que uma simples história de superação em meio a uma quarentena de mais de cem dias, são VESTÍGIOS de lembranças, REVOADA de memórias e sentimentos reais de uma mulher presa, isolada em sua própria casa.
"QUEBREI POR VEZES OS ESPELHOS DA CASA E, CALMAMENTE, COLEI OS ESTILHAÇOS, TENTANDO VISUALIZAR O QUE NUNCA QUIS VER:EU!"
Ela calou o medo e ficou em casa.
A festa fora adiada.
As malas ainda estão no quarto por desfazer, os escritos que se acumulam no caderno e as fotografias de sua filha não são suficientes para saciar a saudade que senti.
Ela larga tudo sobre a mesa e se deita com os seus devaneios.
O espelho reflete o seu medo, a sua CONFUSÃO.
Ela não se lembra a última vez que saiu na chuva.
O barulho insistente do ar condicionado do vizinho acompanha a sua INSÔNIA.
A trilha musical de todos os dias é o silêncio.
A solidão não fora convidada esta noite, mas viera mesmo assim.
O cinza preenche a noite e o dia.
Ela sente falta dos burburinhos escolares, do barulho chato dos carros.
Na janela, a mulher do espelho sorri.
Brinca com as estrelas, guarda o segredo da lua.
O vento sopra os seus cabelos.
A lua está metade cheia.
O corpo teima em não sair da cama.
Adormecer é uma ação difícil, acordar é um mistério.
A noite passeia por ela, não está sozinha.
Ela faz perguntas, mas A MULHER DO ESPELHO deita ao seu lado e apenas sorri.
Ela olha para o teto e juntas recebem a longa madrugada.
O dia é anunciado pela fresta na janela.
O sol amanhece cinza.
"E AS COISAS CONTINUAM ACONTECENDO AOS BORBOTÕES, A DESPEITO DO MUNDO.
É QUE VOCÊ FICOU COM
A RESPONSABILIDADE SOBRE SUAS COISAS, DE FAZER COM QUE TUDO ADQUIRA MOVIMENTO E
DINAMISMO, APESAR DOS PESARES"
As interrogações surgem como ERUPÇÕES por todos os cantos da casa, enquanto ela vaga pelos cômodos a procura dela.
A rota de fuga não está escrita ou descrita nas paredes.
Ela está sentada na mesa vazia, porém O ENCONTRO é marcado e encerrado pelas palavras que não foram ditas, se calaram na garganta.
Ela senti um frio estranho, não venta.
O tempo não espera, rápida, sorrateira e silenciosa A MULHER DO ESPELHO surge de repente trazendo novidades.
Recolham suas mãos, não se abracem, pois, elas estão impuras.
Não se toquem, chega de prazer, isto é uma ordem que temos que seguir a risca.
Ela resvala, escorrega e some sem nos contar o segredo ou mostrar um caminho de cura.
A mulher do espelho é
desumana, senhor tende piedade de nós!
"AS PARANOIAS E
ANSIEDADES ESTÃO PRESENTES, MAS NÃO DEVEM SE TORNAR PROTAGONISTAS, APENAS
COMPANHEIRAS DO CAMINHO QUE, EM ALGUMAS CASAS, ATRAPALHAM, NOUTRAS, PORÉM,
INDICAM SOMBRAS QUE PRECISAM SER ESTUDADAS E ESCLARECIDAS"
A rua amanhece vazia, na mesa, menos um prato.
FALTA ALGUÉM?
O porta-retratos está vazio.
Ela canta o mais alto que consegue para que todos ouçam o silêncio da sua dor.
O mundo desmorona sobre a sua cabeça.
Ela não vai esquecer tão cedo o olhar dela pedindo ajuda.
Descabidas promessas, mentirinhas bobas apenas para fazê-la sorrir.
Omissões para aliviar a dor.
Ela chora o mais alto que pode para que todos ouçam que mais um se foi.
Ela não era Deus.
Ivone não voltou.
"NADA É POUCO, ESTÁ TUDO PULVERIZADO, APENAS FAZENDO PARECER QUE AS COISAS QUE VÃO PIPOCANDO NÃO ESTARIAM A ALTURA DE SUAS VISÕES.
ESTE É UM MOMENTO EM
QUE O TODO SE DESINTEGRA EM SUAS PARTES, PARA SEREM ANALISADAS"
É mais um dia de AUSÊNCIA, DESÂNIMO e incertezas, as dúvidas a alimentam.
Ela está fragilizada, o dia ensolarado remete a uma liberdade que não tem.
A chuva brinda o SILÊNCIO da casa.
Ela não estava preparada, percorre os cantos inabitados da casa brincando com pássaros, falando com bonecos ou contando estrelas em voz alta.
Ela tem vontade de cantar.
Ela acha que está literalmente louca.
O passeio da lua perde a graça.
As suas lágrimas são como cachoeira pós chuva.
A delicada borboleta entra na sala, sobrevoa os seus pensamentos e a convida para sair.
SEJA MELHOR DO QUE ANTES, AINDA DÁ TEMPO.
Ela não teve medo,
resolvera finalmente voar.
"A FÉ É AQUELE
PASSARINHO QUE COMEÇA A CANTAR SAUDANDO A LUZ DO SOL QUANDO NINGUÉM MAIS
CONSEGUE SEQUER ENXERGAR QUALQUER SINAL DE QUE O AMANHECER ESTÁ A CAMINHO"
A poesia tem o poder de instigar variadas sensações e a escrita poética de Rita Pinheiro carrega nos traços de seus textos todo o drama, a sensualidade, os medos, os tormentos e aflições que nos contagia.
Ela nos leva a se isolar em sua companhia e em sua poesia para vivenciarmos, ao lado da mulher do espelho, o seu confinamento.
Rita nos coloca em seus braços com suas PALAVRAS DA QUARENTENA e seus pensamentos soltos e reflexivos.
A sua poesia tem a
magia de nos fazer imaginar ao mesmo tempo que nos guia pelo caminho até o
encontro com a mulher do espelho.
Adorei ler, pela segunda vez, A MULHER DO ESPELHO, que livro maravilhoso, e conhecer com mais atenção e carinho a um de tantos outros trabalhos que tem Rita Pinheiro.
Leitura mais que recomendada
Jefferson Pontes, Nasceu em Natal-RN em 1992.Trabalha como conferente de valores em uma empresa de ônibus na cidade de Itu-SP onde reside com sua esposa e suas filhas. Tem duas edições da sua série intitulado “O que ela não lhe disse” publicados até o momento. A Coletânea “Palavra em Ação”, a Antologia “Almas Cativas”, a Antologia “Ainda te amo". Pela Rio de Flores Editora participou das Coletânea “Rio de Flores”, “Encantos da Lua e da Antologia As Faces do Amor”. A Antologia “Caixa de Memórias “e a Antologia “Elementais” são seus trabalhos em coautoria.
Fontes: Jefferson Pontes e Rita Pinheiro
Ilustrações e pesquisas: Jornal Rio de Flores
Edição e Direção Geral:
Renato Galvão






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Belíssima resenha, parabéns
ResponderExcluire ficou o gostinho de conhecer e apreciar o livro da escritora Rita Pinheiro.
Esse menino Jefferson tem muito talento e aguçar em nós a curiosidade pelo livro de suas resenhas, essa é uma delas.
Obrigado Mih, o objetivo das resenhas é justamente despertar a curiosidade do leitor e saber que consegui deixar aquele gostinho de quero mais em você me deixa muito feliz.
ExcluirO livro é muito bom mesmo
Que texto maravilhoso!
ResponderExcluirAposto que o livro também seja muito bom.
Jefferson arrasando sempre nas resenhas e entregando tudo com tanta habilidade na escrita!👏👏👏👏👏
Parabéns ao Jefferson e a escritora Rita Pinheiro pelo encantador livro.
Amei, a capa é um espetáculo 💙📚📚🌟
Obrigado Josimar, meu amigo a capa da frente é linda, concordo com você, mas a de trás tem a Rita admirando o entardecer em um rio que também não fica atrás.
ExcluirUm belo trabalho visual
Parabéns! Excelente texto.
ResponderExcluirObrigado Rô, fico feliz que você tenha gostado.
ResponderExcluirA mulher do espelho é maravilhoso