O assunto é super atual: LIBERDADE! Trata-se de uma demanda vital! A liberdade, na prática, no dia-a-dia, é mais do que algo demandado; trata-se de exigência “sine qua non”, vital para o cotidiano de um povo. Em todo o mundo civilizado, considera-se a liberdade como prioridade de máxima importância. Os brasileiros nascidos nas tradições de Minas Gerais, são conhecidos por terem, na própria história, raízes cívicas plantadas sob o lema “Libertas quae sera tamen”, dístico proposto pelos inconfidentes, nos fins do século XVIII, cuja tradução é “Liberdade ainda que tardia”!
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e obter liberdade é caminhada árdua; muitos confundem-na com libertinagem. Em
nome da sua defesa, alguns usurpam o poder, enquanto outros, praticando
vandalismos, apelam a protestos com violência. Por meio da mais antiga forma de
guerra suja, o terrorismo, há aqueles que apelam de forma extremada e impõem o
silêncio. Via coerção, censuram às manifestações de pensamentos e ideias. Vão
calando opositores, abafam a voz do povo, na forma injusta de mordaças
intelectuais e psicológicas, criando o medo. Tornam perigoso o ato de opinar ou
divergir, àqueles que desejam externam pensamentos. Para tanto, usando
controles opressivos, juntamente com a cassação da liberdade de expressão do
povo em geral, oferecem como punição a perda, pura e simples, da liberdade de
opinar diferente daquilo que o poder do Estado autoriza. Como é bom viver,
pensar e comunicar com liberdade! Talvez, mesmo que pareça incoerência, muitas
vezes, para não perdermos nossos direitos fundamentais, hipocritamente, somos
obrigados a conviver com opiniões autoritárias, contrárias, fingindo aceitar
valores e princípios contrários aos nossos, convivendo descaradamente com a
mentira, em lugar da verdade nua e crua.
Talvez
tenhamos ouvido falar sobre famoso quadro, “A verdade saindo do poço”, do
pintor francês Jean-Léon Gérôme, 1896. Nele o artista reproduz a Parábola da
Verdade e a Mentira. A mentira convida a verdade a banhar-se num poço. De forma
matreira, ela sai do poço e foge, travestida de verdade, passa a circular pelo
mundo, com ares de ser a realidade. Quando percebe estar sem as suas roupas, a
verdade, nega sair de dentro da água; ela teme mostrar-se ao povo. A verdade,
nua e crua, com receio de perder a própria liberdade, não consegue sair do
poço, onde esconde sua vergonha nas águas. É por isso que, quando falta a
liberdade ao povo, somos presas fáceis das mentiras travestidas com
meias-verdades. E o pior, para complicar a situação, logo aparece a conivência,
prima da falsidade, desafiando a todos, propalando: “Ninguém é dono da
verdade!” Esquece, quando assim afirma, que não há liberdade relativa! Temendo
perder a liberdade, acabamos nos tornando cúmplices da mentira, como acontece
nas formas de Estados ditatoriais, atualmente chamadas de democracias
relativas. Ainda bem que, em defesa da liberdade total, sempre irá surgir
alguém que, arriscando a própria vida, bradará, seu protesto: “Liberdade, ainda
que tarde!”
Como
é bom poder encher uma lauda em branco, com frases que bem representem opiniões
livres, tomando por base apenas as puras inspirações de simples exercício dos
pensamentos, porque chegam libertas. Não temem críticas; tampouco buscam,
hipocritamente, elogios imerecidos ou concordâncias amedrontadas. São frases,
muitas vezes ingênuas, apenas oferecendo-se a serem melhoradas, pela crítica,
pura e simples, construtiva, que desejam, em tese, receber a vestimenta da
verdade, com joias lapidadas, pelo buril das opiniões contrárias!
Portanto, com liberdade, ponho-me
a escrever. Tento até fazer poesias, fico esperando alguma comunicação do
Astral; vou desconstruindo estrofes e rimas. Realmente, não nasci com a veia
poética! Pode até ser que eu tenha essa veia, mas está “véia”! Só consigo rimar
lé com lé e cré com cré! Cada qual que fique com seu igual! Esse negócio de
usar da liberdade poética, para justificar incorreções de linguagem ou, como
outros dizem, “licença poética”, não faz meu gosto! Até entendo, quando
justificada, a tal “licença” é permitida ao poeta. Porém, no meu caso, quando
aparece no texto, creiam-me, deve ser mesmo por mero erro!
Minhas
ideias chegam voando! Há momentos em que fico parecendo gente demente. Cobrindo
tudo, envergonhado de verdade, lá dentro do poço das minhas ideias! Certamente,
é lá no cérebro onde os vocábulos vão se esconder. Escurecem então as minhas
ideias; vão tomando minha mente, sem cerimônia, vão entrando, se instalando e
se posicionando. Nem pedem licença! Mal-educadas, por vezes mentem! Mentem que
nem sentem! Não reclamo, afinal, aprendi que a mentira também é uma forma de
liberdade na formação de um mau caráter!
Vão
entrando, assim, do nada! Como se diz..., cagando e andando! Percebo a palavra
chegando! O que? De novo? Lá vem outra rima esdrúxula! Vão formando estrofes
desconexas, sem cor ou brilho. Por vezes pornográficas. (Por isso mesmo, quase
sempre, obscenas!) Algumas parecendo
velhas chanchadas de Ankito e Oscarito. Fazem-me rir, sinto cócegas, até chego
a gargalhar! Algumas são boas, outras são patéticas..., nada poéticas! Fico
esperando que, do astral, alguma boa nova ideia possa chegar. Tem algumas
alegres! São poucas! Tem outras sorumbáticas! Vivemos dias estranhos! Está
difícil rimar! Onde estão aquelas palavras bonitas, doces, perfumadas e
poéticas de antigamente? Por vezes, percebo inspirações macabras! Então...,
como versejar? Ponho música para ajudar. Tenta você rimar: “Eu desafinado,
cantando, atrás da moita, ...?” (Assim não dá!) Deixa pra lá! Troco de música!
No ritmo do funk, “Uma tapinha não dói, uma tapinha só não dói!” Fico na dúvida
se é Funk, Fuck ou Fake!
Logo-logo, vem mais, das
capciosas, não rimam bem como coisas preciosas! Quer ver? Não há rima para
perdão do Xandão? (Oh! Rimas, assim não!) Então, vou parando sem rimar! Estou
nervoso, acabo perdendo a paciência! Para não estourar o saco, cantarolo o samba
da Imperatriz: “Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós...”, e sussurro em
prece “...deixai Senhor, algumas páginas em branco, para a verdade, nua e crua,
habitar livremente sobre nós!”
Ilustração: Jornal Rio de Flores
Luiz Roberto da Rocha
Maia. Nasceu no Rio de Janeiro/1947. Morou em Teresópolis e Brasília e,
atualmente, em Rio das Ostras. Em 2023, completa mais de cinquenta anos de
atividade cultural. Membro de diversas entidades culturais, no Brasil e em
Portugal, é Fundador da Associação Candanga de Artistas Visuais - Brasília /DF.
Membro da Academia Brasileira de Belas Artes – ABBA do Rio de Janeiro; e da
Academia de Letras e Artes ALEART, Região dos Lagos/RJ. Participou de mais de
duzentos eventos de artes no Brasil, Cuba, Portugal, França e Bulgária. Recebeu
mais de setenta premiações e destaques em salões de artes plásticas. Citado em
catálogos e sites, possui obras expostas em galerias no Brasil e no exterior;
bem como nos acervos do Museu Naïf de São José do Rio Preto/SP; MIAN/Rio/RJ;
SESC/SP, na coleção do Château des Réaux; e do Museu Internacional de Arte Naïf
de Vicq, na França. Seus quadros estão presentes também em pinacotecas de
diversas entidades e coleções de aficionados por arte naïf no Brasil, Cuba,
França, Itália, Espanha, Chile, Japão, Bolívia e Portugal. Por três vezes foi
selecionado para a Bienal Naïfs do Brasil, tendo recebido o prêmio aquisição
2006, em Piracicaba/SP. Na literatura, publicou o catálogo “Ingenuidade
Consciente”, Editora A3 Gráfica e Editora – 2010; o livro “O Diário de Lili
Beth”, pela editora Videu – 2021; e colaborou com a Coluna Arte Animal, da
revista digital Animal Business Brasil, escrevendo artigos versando sobre a
presença de animais como tema nas belas artes.
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| Edição e Direção Geral Renato Galvão |



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