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| Ilustração: Jornal Rio de Flores |
Numa época de fofocas políticas, o uso do termo “Fake-News”, para cá e para lá, tem sido usado como definição para produção criminosa de notícias mentirosas, a serviço de causas políticas não bem esclarecidas. Aplicado, como tradução literal, do inglês para o português, por “Fake”+“News”, podemos compreender a expressão como notícia inventada e mentirosa. Portanto, penso eu, o elemento de composição gramatical “pseud.”, em tal condição, não serviria para designar uma pseudonímia, isto é, quando é notícia, de fonte verdadeira, porém de autoria, deliberadamente, ocultada. Portanto, o uso do prefixo pseud(o)+notícia, pseudonotícia, nessa situação, seria utilizado, apenas, para indicar um teor não completamente verdadeiro da informação, ou seja, algo que se deseja deliberadamente fingir crer ser aquilo que de fato não é! Dessa forma, surge a badalada meia-verdade, ou ainda uma quase mentira, o que acabaria resultando em algo impossível, i.e., a Democracia Relativa (Existe?).
Já no caso do substantivo
feminino, ao qual me refiro, no título, pseudonímia, a situação muda! Esse
mesmo elemento de composição, pseud(o),
no caso da palavra pseudonímia, remete à interpretação da qualidade de
pseudônimo, mediante a simples ocultação deliberada da autoria de uma obra
literária ou artística. Numa forma mais popular, tomo a liberdade de
interpretar o significando, como sendo a nominação da autoria, verdadeira,
porém, ocultada com a preferência do uso de um nome fantasia, um disfarce! Por
quê? Não tenho a menor ideia do motivo! O que poderia levar, determinado poeta
ou escritor, a ocultar seu verdadeiro nome, quando assina e publica alguns de seus
trabalhos?
Outro dia,
casualmente, graças a um comentário da escritora Professora Doutora Elaine dos
Santos, fiquei sabendo que o jornalista João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos
Coelho Barreto, usava o pseudônimo, dentre outros, de João do Rio. Com essa
assinatura, foi consagrado como jornalista, cronista, contista, romancista,
tradutor e teatrólogo brasileiro, além de ser membro da Academia Brasileira de
Letras! Foi considerado o precursor do
jornalismo investigativo brasileiro. Outros famosos escritores e poetas,
igualmente, usavam e usam esse artifício de ocultação do verdadeiro nome.
Há casos em que a
opção fica na pura e fácil redução do nome de batismo. Quem conheceu o Sílvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas? Certamente, se eu me
referir à música “Chão de Estrelas”, o leitor irá associar melhor o nome do
grande intérprete, que, com seu violão, eternizou aquela música de Orestes
Barbosa. Sim, refiro-me ao Seresteiro do Brasil, Sílvio Caldas.
Para melhor
compreensão do fenômeno, também chamado de criptônimo, sugiro aos interessados
pesquisar, na Internet, páginas na
categoria "Pseudônimos do Brasil"! Um exercício muito divertido e
interessante!
Não creio que, para todos os
casos, tal prática, tenha motivos iguais! Em determinados casos, a simples
comparação entre o nome de batismo e o de adoção artística, listados nas
páginas, já será suficiente para entendermos as razões dos optantes, para usarem
pseudônimos. Nem todos são artistas ou escritores. Entretanto, creio eu,
algumas situações podem ser imaginadas, como razões justas pela opção de um
nome inventado. Há casos muito particulares, que devem estar ligadas a fatores
de desconforto pessoal, para a divulgação social ou profissional dos nomes de
batismo que receberam. Não vou citar casos, mas vocês vão encontrar por lá! São
verdadeiros atentados à dignidade humana! No mínimo, são casos provenientes de
pura falta do bom senso, nas pias batismais e cartórios, praticados contra
indefesas criaturinhas recém-nascidas. Talvez, por ignorância, modismo ou pura
ingenuidade, e pode até ser que por maldade, mas, tem gente que não tem um nome
próprio, possuem sim quase um palavrão! O “crime” fica evidente, especialmente,
quando os nomes são expostos às corruptelas da linguagem popular. São, desde o
nascimento, vítimas potenciais de previsíveis e trágicos casos de “bullying”, sempre seguidos de conhecidos traumas
psicológicos.
E, o pior disso tudo, sofrem
também os familiares, os amigos e colegas, quando são instados a fazer
referência ao nome do bebezinho. A criança tem carinha de bebê fofinho! Todo
mundo vê! Contudo, nunca poderiam ter cara de “Asfilófilo” ou de “Acidentina”!
Todos nós, certamente, conhecemos alguém, cujo nome nos faz rir ou pensar em
besteiras. Quantas vezes, por questões de educação ou humanidade, ao sermos
apresentados a uma pessoa de nome esdrúxulo, gentilmente, solicitamos que ela
confirme o nome: - “Por favor, poderia repetir..., seu nome?”; e ela, depois de
soletrar pacientemente, diz sem graça: - “Mas pode me chamar de Filô!”. Nesses
casos, torna-se fácil compreender o motivo da opção por um pseudônimo. Foi esse,
exatamente, o caso de uma jovem oriental, cujo nome eu me nego a escrever, em
sinal de respeito, e que chegou a frustrar o casamento, no Brasil, só porque o
sobrenome do marido, somado ao dela, deixava a situação insustentável! O caso
está na Internet!
Felizmente, já há quarenta e
cinco anos, as esposas não são mais obrigadas a acrescentar o nome do marido
após o casamento.
Tampouco, para um bom
entendimento dos motivos da adoção de um pseudônimo, se aplicariam
justificativas provenientes de atos ilícitos, criminosos, como a falsificação
de obras originais ou, o que seria pior, a apropriação de direitos autorais
alheios. Nesse campo, a criminalidade já elegeu o termo certo: pirataria!
Contudo, há situações mais
confortáveis, cuja decisão, pela opção da ocultação do nome verdadeiro, se
prende a aspecto mercadológico ou de marketing pessoal, como são os casos de
artistas famosos, políticos, atletas e outras pessoas de imagem pública
consagrada. São casos antológicos, badalados, muito conhecidos. E existem,
também, casos de nomes que se tornam legendários, mas, felizmente, jamais são
exigidos como respostas, para concursos de conhecimento (inútil)! Esse é o caso
do primeiro imperador do Brasil: Pedro de Alcântara Francisco Antônio João
Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano
Serafim de Bragança e Bourbon. Para nossa felicidade, ele é chamado, popularmente, pelo simplório nome
de Pedro I!
Outro dia, ocorreu
um fato inusitado e engraçado comigo. Foi na divulgação da publicação de uma
notícia, sobre a minha participação, na coluna Pincéis & Letras, do Jornal
Rio de Flores, capitaneado pelo querido e competente Editor Renato Galvão. Por
puro acidente de redação, o meu nome foi grafado como Richa Mais. Ri muito! Considerei
o caso, totalmente, pelo lado humorístico do incidente, fruto de um “tropicão
digitatório, decorrente de uso inoxidável de famigerados corretivos
ortofrásicos”, como diria na novela o personagem Odorico Paraguaçu,
interpretado por Paulo Gracindo! Depois, pensando melhor, resolvi entender que
o fato, episódico, bem poderia ensejar oportunidade, para a criação de meu
pseudônimo. Eu nem me lembro o porquê, mas resolvi imaginar como seria, caso eu
adotasse nome “fantasia”! Em quais situações utilizaria o artifício? Fiz alguns ensaios! Pensei algumas hipóteses!
Se eu escrevesse, por exemplo, um livro, versando sobre arqueologia nas
Américas; acredito que a obre poderia ser bem aceita, tendo como autor alguém
que assinasse “Pedra Inca - o Historiador”. Que tal?
E “Richa Mais”?
Com a devida correção ortográfica, pensei também, em “Rixa Mais – o
Pacificador”; talvez se aplicasse bem no caso de escrever crônicas picantes,
sobre o cotidiano da minha cidade. Poderia ser ainda, como um falso acrônimo
“RM-Rixa Mais”, para artigos sobre fofocas, tal como faria um temível “cronista-social”.
Poderia, ainda, adotar o codinome “Arrocha Mais”; mas esse me pareceu ser
melhor no caso de um panfletista de porta de cadeia; ou mesmo, ideal, para romances
pervertidos e mundanos.
Brincadeiras
pseudonímias à parte, agradecendo a paciência dos leitores, fico mesmo com o
meu sobrenome, real e verdadeiro, o simplório Rocha Maia!

Quadro: “Chão de Estrelas” - Prêmio Aquisição- 2019- 27° Salão SOARTE. Por Rocha Maia
Luiz Roberto da Rocha
Maia. Nasceu no Rio de Janeiro/1947. Morou em Teresópolis e Brasília e,
atualmente, em Rio das Ostras. Em 2023, completa mais de cinquenta anos de
atividade cultural.
Membro de diversas
entidades culturais, no Brasil e em Portugal, é Fundador da Associação Candanga
de Artistas Visuais - Brasília /DF. Membro da Academia Brasileira de Belas
Artes – ABBA do Rio de Janeiro; e da Academia de Letras e Artes ALEART, Região
dos Lagos/RJ. Participou de mais de duzentos eventos de artes no Brasil, Cuba,
Portugal, França e Bulgária. Recebeu mais de setenta premiações e destaques em
salões de artes plásticas.
Citado em catálogos e
sites, possui obras expostas em galerias no Brasil e no exterior; bem como nos
acervos do Museu Naïf de São José do Rio Preto/SP; MIAN/Rio/RJ; SESC/SP, na
coleção do Château des Réaux; e do Museu Internacional de Arte Naïf de Vicq, na
França. Seus quadros estão presentes também em pinacotecas de diversas
entidades e coleções de aficionados por arte naïf no Brasil, Cuba, França,
Itália, Espanha, Chile, Japão, Bolívia e Portugal.
Por três vezes foi
selecionado para a Bienal Naïfs do Brasil, tendo recebido o prêmio aquisição
2006, em Piracicaba/SP. Na literatura, publicou o catálogo “Ingenuidade
Consciente”, Editora A3 Gráfica e Editora – 2010; o livro “O Diário de Lili
Beth”, pela editora Videu – 2021; e colaborou com a Coluna Arte Animal, da
revista digital Animal Business Brasil, escrevendo artigos versando sobre a
presença de animais como tema nas belas artes.

Edição e Direção Geral
Renato Galvão

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