Porque é que não me importo e prefiro ir buscar
aquele vestido que já não usava há muito tempo ou vestir mais vezes o mesmo look
ou com pequenas alterações? Porque vou à costureira fazer algumas alterações
nas roupas que já tenho?
Por vários motivos, entre os quais a indústria da
moda ter uma pegada ecológica brutalíssima a nível mundial. Os recursos naturais
gastos como a água e degradação dos solos, em conjunto com a poluição dos
químicos utilizados em larga escala na produção e a mão de obra barata e
sujeita a enorme exploração, assim como as emissões de carbono relacionadas com
o transporte são alguns dos muitos exemplos nefastos que se verificam.
Deixo o exemplo da produção de uma simples t-shirt
de algodão. Sabia que são necessários quase 3.000 litros de água doce para o
seu fabrico? Impressionante, não é? Estima-se que é a quantidade de água que
uma pessoa bebe em mais de dois anos da sua vida.
Outro exemplo, o dos sintéticos, que aquando das
lavagens largam milhares de microplásticos que acabam na nossa mesa, na nossa
comida.
Cada vez me incomoda mais igualmente a enormíssima
quantidade de roupa e acessórios de desgaste rápido, ou moda rápida, ou seja,
do usa e deita fora ou põe para o lado, ocupando espaço no armário e diminuindo
a nossa carteira.
A sustentabilidade ambiental e económica, o dar
espaço ao espaço, as novas fibras e processos que vão surgindo, a reutilização
e a compra e venda e de roupa em segunda mão são algumas das estratégias que já
se começam a utilizar, mas ainda são residuais em termos de números.
Para terminar, deixo-vos as seguintes imagens para
visualizarem e pensarem:
No outro dia encontrei uma jovem de 19 anos e
disse-lhe “Estás tão gira, Leonor!”. Ela respondeu-me que as calças e
top eram da mãe e da tia e que fez arranjos. Juntou um blazer e uns ténis que
comprou em conjunto com a mãe (porque são caros e assim usam as duas). É uma
jovem linda, dinâmica e cheia de estilo, um exemplo.
Outro caso é cá em casa, onde a minha filha e eu
partilhamos roupa e ela foi procurar na casa da avó roupa de quando eu tinha a
idade dela e encontrou peças que gosta e que vai adaptar a si. Não encontrou
muito mais porque sempre dei e dou a maioria da roupa que não uso. Também vendo
e dou o dinheiro aos meus filhos. São valores mais altos que estão aqui
presentes, mais que trapos.
É claro que compro uma peça de vez em quando, mas
pensada e não por impulso. E assumo sem problema que dantes comprava muito mais,
mas já não o faço. Ainda fundamental que aquilo que compro tenha alguma qualidade
e que sinta que vou utilizar bastante e por muito tempo ou para partilhar
igualmente com a minha filha.
Neste mundo que consegue ser tão oco e consumista, repetir e reajustar roupa é um pequeno passo que se pode transformar em gigante na nossa evolução enquanto pessoas e sociedade, onde a responsabilidade e o respeito começam a acordar de um longo sono...
Ilustração: Jornal Rio de Flores


Susana, a sutil abordagem que seu artigo trata, a formo como aborda é um excelente alerta; além de ser muito necessária, como lição, aos consumistas desvairados desse nosso planeta! Obrigado por sua efetiva contribuição à luta pela preservação do meio ambiente.
ResponderExcluir