Quem foram os Essênios?
Grupo de judeus ascetas que viveram na região de Qumran,
mais precisamente na Cisjordânia próximo ao Mar Morto. Era uma comunidade que
valorizava, exclusivamente, o desenvolvimento espiritual, renunciando aos
prazeres carnais e necessidades primárias. Suas vidas eram dedicadas ao cultivo
de cereais, vegetais e, principalmente, aos estudos das escrituras. Mas,
também, dedicavam-se a escrever seus próprios documentos de acordo com sua
visão do mundo da época e futuro.
Tinham por norma banhar-se duas vezes ao dia em água fria,
coincidindo sempre antes das refeições (duas ao dia), como ato de purificação
espiritual. A vida dos Essênios era basicamente dividida em trabalhos nas
plantações, socorro a enfermos, caridade em geral e orações.
Mencionados por vários historiadores
antigos, principalmente Filon, Plínio, Josefo, Solino, Porfírio, Eusébio e
Epifânio, séculos se passaram sem uma prova concreta sobre “Os Filhos da Luz”,
como assim também eram denominados. Entretanto, por volta de 1947, beduínos que
pastoreavam suas cabras notaram que uma delas havia se desgarrado. Estes
engendraram, então, a procura pelo animal perdido. Subiram os morros que
adornavam a região e, casualmente, encontraram uma caverna. Adentraram na mesma
a procura da cabra perdida e se depararam com vários vasos de cerâmica contendo
rolos de papiros. O grupo recolheu os rolos e em seguida venderam os mesmos no
comércio local.
Passado um certo tempo, dois lotes dos referidos papiros
chegaram às mãos de Athanasius Samuel, bispo de um mosteiro ortodoxo em
Jerusalém, e em seguida às mãos de Eleazar Sukenik da Universidade Hebraica.
Extremamente curiosos a respeito de escritas antigas, ambos provaram a
autenticidade dos textos contidos nos papiros encontrados. Sem contestação
referente à origem dos documentos. Em 1954, autoridades israelenses, adquiriram
dos historiadores citados os referidos papiros.
A comunidade arqueológica partiu
para o local e assim descobriram cerca de dez cavernas e algumas delas,
contendo mais vasos de
cerâmica cheios de papiros envoltos em coro. Porém, a região vivia em constante
conflito, impossibilitando assim a continuidade das escavações e o trabalho de
arqueólogos. Os documentos encontrados foram entregues a vários museus e por lá
ficaram guardados por décadas. As pesquisas arqueológicas na região só foram
reativadas a partir do ano de 1991. Embora não causasse surpresa aos
pesquisadores, mais documentos foram encontrados. Inclusive, no ano de 2021,
anunciou-se a descoberta de fragmentos dos manuscritos numa das mais de 12
cavernas de Qumran.
Pesquisadores
compararam os textos dos manuscritos de Qumran com outros documentos históricos
e chegaram à conclusão de que se tratava de documentos escritos e guardados nas
cavernas pelos Essênios. Tais documentos constituíam-se em cópias do antigo
testamento, contendo calendários e, principalmente, textos bíblicos. Em 2001,
obteve-se uma tradução mais apurada de tais textos, tornando-os os documentos
mais polêmicos encontrados pela humanidade.
Jesus e
os Essênios.
Há uma grande incógnita referente à
vida de Jesus Cristo, compreendida entre seus 12 anos até 30 anos. Um
verdadeiro apagão histórico, sem qualquer registro, aconteceu neste período da
vida do Mestre na Terra. Pesquisadores comprovaram que os Essênios recebiam
crianças de famílias carentes ou que não tinham condições de alimentá-las e/ou
educá-las, pois eram épocas difíceis. Essa prática era comum aos “Filhos da
Luz”. Mas, este caso não se pode relacionar a Jesus, pois sua família tinha
posses e certamente não faltavam alimentos à mesa e muito menos educação
patriarcal. Entretanto, os Essênios tinham a função de educar espiritualmente
seus iniciados de acordo com sua doutrina, tornando-os homens ou mulheres
pacíficos e adoradores do Deus Criador. Aparentemente, Jesus e alguns membros
de sua família, juntamente com João Batista, teriam convivido por um certo
tempo com os Essênios, onde trocaram informações, conhecimentos e revelações
que não foram incluídas ou descartadas da Bíblia.
A base dos Essênios era as leis de Moisés, o pai do Torah,
ou seja, o livro sagrado do Judaísmo. São várias as polêmicas desencadeadas
consoante a tradução e compreensão dos textos encontrados em Qumran de autoria
dos Essênios. Porém, a mais polêmica é que Jesus Cristo teria dito que a
humanidade não deveria procurar a lei nas escrituras, pois a lei é vida
enquanto o escrito estaria morto. Ainda, segundo os textos Essênios, Jesus teria dito que
a integração com o Divino está na natureza e em tudo que é vivo, principalmente
em nós mesmos.
Pois bem, os Essênios não se
apegavam a qualquer religião e acusavam as falas religiosas ou doutrinas de
falsas afirmações, ou melhor, manipuladas pelos grandes sacerdotes e outros
líderes religiosos. Inteligentes e astutos, os Essênios estudavam todas as
religiões e assimilavam o que era o melhor de cada uma para suas vidas. Nesta
lista de estudos, não escapavam nem mesmo as leis de Moisés, porém, com
interpretações próprias dos “Filhos da Luz”, pois assim, se diferenciavam das
outras linhagens judaicas, como, por exemplo, dos saduceus e dos fariseus. Esta
comunidade era muito criticada na época por se isolar do resto da humanidade e
não comungarem com dogmas religiosos. À medida que os inúmeros papiros foram
sendo traduzidos, polêmicas sobre polêmicas surgiam nas mesas dos estudiosos.
A tradução de tais documentos revelou que Jesus
Cristo alertou a humanidade sobre o que os homens escreviam e deixa claro nos
textos que as religiões são amarras que impedem a vida com liberdade espiritual.
Os textos, claramente, falam da repulsa de Jesus referente à atitude de
exploração do povo praticada por alguns templos. Corroborando este relato,
registrados nos manuscritos de Qumran pelos Essênios, tempos depois, Jesus
expulsa do templo os comerciantes de animais, comparados por Jesus como covil
de ladrões, que seriam destinados aos sacrifícios supostamente a Deus em
Jerusalém. Ainda nestes documentos, relata-se que Jesus achava desnecessário
o chamado sábado judaico, onde não se podia nem mesmo lidar com as
necessidades básicas e fisiológicas, declarando que o homem e suas
necessidades estão acima de qualquer lei. Os documentos revelam ainda que
Jesus era contra o uso das religiões como meio de enriquecimento pessoal.
Assim como os Essênios, Jesus era contra a edificação de templos suntuosos
ou luxuosos para, supostamente, promulgar a palavra de Deus, pois pregava
que o templo maior de um ser é o seu próprio coração. Ainda, Jesus
era contra os sacrifícios de animais a Deus e textualmente pode ser lido
nos manuscritos de Qumran que Jesus pregava que “... Chegará o dia em que os
crentes em Deus deixarão de oferecer sacrifícios, apenas oferecerão o espírito
e a verdade...”.
Os Manuscritos de Qumran continuam em fase de
tradução, porém não teremos a certeza de que serão divulgados à humanidade.
Embora existam vários textos traduzidos espalhados pela internet, o importante
é pesquisar e obter tais textos diretamente daqueles que traduzem e publicam os
escritos dos Essênios em livros autorais. Muitas revelações ainda estão por
vir.
Jesus pagou caro pela tentativa de
conscientizar seu povo ou a humanidade, pois logo após o episódio no Templo em
Jerusalém, intensificou-se a perseguição ao “Rabi da Galileia” culminando em
sua crucificação no Monte Gólgota (caveira).
Quanto aos Essênios, por não
comungarem com as religiões da época e não participarem de cultos religiosos em
Jerusalém, foram perseguidos e dizimados por volta do ano 68 d.C. e,
consequentemente, não mencionados na Bíblia, apesar da ligação direta com Jesus
Cristo comprovada.
“...
Eu sou o caminho, a verdade e a vida...”
Fontes:
Os Essênios de Christian d. Ginsbrug
As Manuscritos do Mar Morto de Geza Vernes – 4ª Edição
O
Evangelho Essênio da Paz de Edmond Bordeaux Szekely
https://www.diariodaregiao.com.br/vidaearte/lifestyle/foi-jesus-cristo-um-essenio-1.109614
https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20512/essenios/
Ilustração: Jornal Rio de Flores
Texto: Renato Galvão


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