domingo, 6 de agosto de 2023

 


Mergulhados em sociedades consumistas ao extremo, utilizamos como indicadores de desenvolvimento sobretudo bens altamente efémeros.

Temos essas necessidades como normais e não percecionamos como estão interligadas com outro tipo de carências emocionais, vemos no “ter” o “ser”. O “ser” deixou de vir primeiro, tal como seguido pelo “fazer” e finalmente pelo “ter”. Queremos apenas “ter”, sem “ser”, sem “fazer”.

E quando se faz, faz-se de forma não pensada, a qualquer custo.

Mas este crescimento descontrolado leva ao crescimento ou a maiores taxas de pobreza exterior e interior, de destruição e de desigualdades? Leva ao desenvolvimento ou é uma máscara que cairá forçosamente, não havendo volta a dar?

Nesta era da utilização intensiva de recursos que se tornam assim em escassez nem reparamos que há elementos ao nosso redor a extinguirem-se, como por exemplo o solo (um dos recursos mais escassos do mundo, considerado o novo ouro) e a areia (embora renovável, tem um processo de produção muito lento comparativamente à rapidez com que é gasta).

Uma das possibilidades que investe na mudança de paradigma trata-se na desaceleração do crescimento. Dito assim parece que não se pretende evoluir, mas é o oposto.

Desaceleração é menos para ter mais, mais qualidade de vida, mais vida em si própria. Abrandar o ritmo alucinante, ter como crucial a busca refletida de novas oportunidades e soluções baseadas no capital físico, humano e tecnológico, unir e não afastar ou deitar fora.

Refiro-me a um investimento num desenvolvimento de sustentabilidade, de redução, de adaptação, que sobretudo se traduz em respeito por tudo aquilo quanto utilizamos, quanto consumimos.

Na desaceleração vem este respeito, esta honra que mencionei, um saber simples de outrora que se foi perdendo.

Viver mais o momento sem ansiedade do ter de ter, elevando e potenciando cada experiência e o presente.

Ao efetuarmos o nosso desenvolvimento pessoal e humano poderemos permitir um desenvolvimento económico mais equitativo, mais justo e conforme neste nosso caminhar/passagem; poderemos ter um desenvolvimento geral a outra escala, aumentar os níveis de felicidade e bem estar e evidenciar a nós mesmos que não necessitamos de mais ou de tanto.

É estarmos em harmonia com a simplicidade que nos faz crescer...

Texto: Susana Veiga Branco
Ilustração: Jornal Rio de Flores

Susana Veiga Branco. Santarém, Portugal (1974).

Mestre em Gestão de Organizações de Economia Social, licenciada na área de Jornalismo e Comunicação, frequentou o Curso de Estudos Europeus Jean Monnet, entre outros. Empresária na área de investimentos e consultoria, owner e CEO de empresas do setor de investimentos imobiliários. Foi Docente e presentemente é Formadora nas áreas social, de gestão e cidadania. Autarca. Cronista na imprensa escrita e rádio, autora, co-autora em coletâneas de poesia e investigadora na área social e do património, com livros publicados e publicações académicas em jornais e no CIJVS - Centro de Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, do qual é membro, assim como diretora de outras entidades sociais e culturais. Membro da APP-Associação Portuguesa de Poetas (Lisboa). Curadoura de arte. Artista plástica, vencedora de um prémio e uma menção honrosa em concursos internacionais, com exposições individuais e coletivas e ilustradora de livros como “Mãe, fala para o ouvido bom...”. Vê nas artes a abstração essencial para elevar o foco em tudo aquilo que se propõe fazer. Colunista do Jornal Rio de Flores - Teresópolis/RJ/BR e Coautora da Antologia Palavras Libertas produzida pela Rio de Flores Editora.

Edição e Direção Geral
Renato Galvão



4 comentários:

  1. Parabéns Susana! Adorei saber que partilhamos mais uma opinião , sobre a vida, o ser Humano e o ser … ter e estar… o fazer acontecer um melhor ser❣️
    Parabéns Rio de Flores, por nos trazer escritoras talentosas e abrir debates tão importantes ‼️
    Ana Mendes

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  2. Muito obrigada Ana Mendes, que bom partilharmos ideias. Beijinho grande e aguardo as tuas opiniões aqui no jornal, pois ler-te é sempre maravilhoso 🙂👌

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