Mergulhados em sociedades consumistas
ao extremo, utilizamos como indicadores de desenvolvimento sobretudo bens
altamente efémeros.
Temos essas necessidades como normais
e não percecionamos como estão interligadas com outro tipo de carências
emocionais, vemos no “ter” o “ser”. O “ser” deixou de vir primeiro, tal como seguido
pelo “fazer” e finalmente pelo “ter”. Queremos apenas “ter”, sem “ser”, sem “fazer”.
E quando se faz, faz-se de forma não
pensada, a qualquer custo.
Mas este crescimento descontrolado
leva ao crescimento ou a maiores taxas de pobreza exterior e interior, de
destruição e de desigualdades? Leva ao desenvolvimento ou é uma máscara que
cairá forçosamente, não havendo volta a dar?
Nesta era da utilização intensiva de
recursos que se tornam assim em escassez nem reparamos que há elementos ao
nosso redor a extinguirem-se, como por exemplo o solo (um dos recursos mais
escassos do mundo, considerado o novo ouro) e a areia (embora renovável, tem um
processo de produção muito lento comparativamente à rapidez com que é gasta).
Uma das possibilidades que investe na
mudança de paradigma trata-se na desaceleração do crescimento. Dito assim
parece que não se pretende evoluir, mas é o oposto.
Desaceleração é menos para ter mais,
mais qualidade de vida, mais vida em si própria. Abrandar o ritmo alucinante,
ter como crucial a busca refletida de novas oportunidades e soluções baseadas
no capital físico, humano e tecnológico, unir e não afastar ou deitar fora.
Refiro-me a um investimento num
desenvolvimento de sustentabilidade, de redução, de adaptação, que sobretudo se
traduz em respeito por tudo aquilo quanto utilizamos, quanto consumimos.
Na desaceleração vem este respeito,
esta honra que mencionei, um saber simples de outrora que se foi perdendo.
Viver mais o momento sem ansiedade do
ter de ter, elevando e potenciando cada experiência e o presente.
Ao efetuarmos o nosso desenvolvimento
pessoal e humano poderemos permitir um desenvolvimento económico mais
equitativo, mais justo e conforme neste nosso caminhar/passagem; poderemos ter
um desenvolvimento geral a outra escala, aumentar os níveis de felicidade e bem
estar e evidenciar a nós mesmos que não necessitamos de mais ou de tanto.
É estarmos em harmonia com a
simplicidade que nos faz crescer...
Ilustração: Jornal Rio de Flores
Susana Veiga Branco. Santarém, Portugal (1974).
Mestre em Gestão de Organizações de Economia Social, licenciada na área de
Jornalismo e Comunicação, frequentou o Curso de Estudos Europeus Jean Monnet,
entre outros. Empresária na área de investimentos e consultoria, owner e CEO de
empresas do setor de investimentos imobiliários. Foi Docente e presentemente é
Formadora nas áreas social, de gestão e cidadania. Autarca. Cronista na
imprensa escrita e rádio, autora, co-autora em coletâneas de poesia e
investigadora na área social e do património, com livros publicados e
publicações académicas em jornais e no CIJVS - Centro de Investigação Professor
Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, do qual é membro, assim como diretora de
outras entidades sociais e culturais. Membro da APP-Associação Portuguesa de
Poetas (Lisboa). Curadoura de arte. Artista plástica, vencedora de um prémio e
uma menção honrosa em concursos internacionais, com exposições individuais e
coletivas e ilustradora de livros como “Mãe, fala para o ouvido bom...”. Vê nas
artes a abstração essencial para elevar o foco em tudo aquilo que se propõe
fazer. Colunista do Jornal Rio de Flores - Teresópolis/RJ/BR e Coautora da Antologia Palavras Libertas produzida pela Rio de Flores Editora.

Edição e Direção Geral
Renato Galvão

Artigo muito interessante!
ResponderExcluirMuito obrigada!
ExcluirParabéns Susana! Adorei saber que partilhamos mais uma opinião , sobre a vida, o ser Humano e o ser … ter e estar… o fazer acontecer um melhor ser❣️
ResponderExcluirParabéns Rio de Flores, por nos trazer escritoras talentosas e abrir debates tão importantes ‼️
Ana Mendes
Muito obrigada Ana Mendes, que bom partilharmos ideias. Beijinho grande e aguardo as tuas opiniões aqui no jornal, pois ler-te é sempre maravilhoso 🙂👌
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