sábado, 10 de junho de 2023

Ilustração: Jornal Rio de Flores

Coisas que me dão medo, gente preguiçosa e invejosa, do tipo que vê que o quintal do outro é mais verde e mais bonito, e nada faz pelo seu próprio quintal. E pessoas de OLHO GRANDE, aqueles que segundo minha mãe, secam pimenteira e com razão, secam mesmo.

Conheci a anos atrás uma garota, uma linda morena que trabalhava comigo. Não me lembro bem como, nos tornamos amigas de frequentar uma a casa da outra, de sair com nossos maridos, para bares, shows etc.

Notei que ela reparava nas coisas, e eu na época tinha em minha sala, um porta revistas de cinzal, que eu mesma fiz, deu um trabalhão. Meu esposo sempre comentava que eu era maluca, de ficar tanto tempo trançando aquele fio, mas no fim ficou até bonito, e eu me orgulhei muito de meu trabalho. Voltando ao ponto notei que minha nova amiga olhava e olhava para o meu revisteiro. Então comentei amiga quer que faça um para você, para minha surpresa, ela simplesmente retirou as revistas, empilhou-as num canto, pegou o revisteiro e enfiou em uma sacola que havia pedido ao marido para pegar na cozinha.

Meu marido olhou para mim admirado e encolheu os ombros, como se não estivesse entendendo nada. Então a moça falou: você faz outro para você esse aqui é meu. Eu pasmei nem sei se falei alguma coisa. Resultado nunca mais fui à casa da moça e nunca fiz um novo revisteiro, porque aquele era único e não poderia ser substituído.
             
E o pé de arruda que nasceu em meu jardim após ser retirado de um vasinho foi lançado à terra e floresceu gigante, diante dele essa moça resolveu pegar uns galhinhos e o pobre arruda morreu, quase de imediato em uma semana secou. O engraçado é que em meio a outras plantas que continuaram verdes e viçosas, o coitado secou, não só as folhas amarelaram e caíram, o pé todo quase com um metro de altura secou até a raiz
              
Se eu não visse não acreditaria, até hoje penso nisso é verdade OLHO GRANDE existe, é bom ficar de olho.
 
Texto: Ivete Rosa de Souza
Ilustração: Jornal Rio de Flores
 
Ivete Rosa de Souza (Rosa dos Ventos), nasceu em Santo André, São Paulo no ano de 1955. Assídua leitora desde criança, apaixonada por poesia. Foi policial por mais de vinte anos, viu os dois lados do ser humano, mas não deixou de sentir e escrever poesias. Com dois livros publicados e participação em mais de trinta antologias, tanto físicas como digitais. Escreve contos, crônicas, além de poemas. Acredita que escrever é uma libertação. Colunista do Jornal Rio de Flores e Jornal Rol da Internet.
Edição e Direção Geral:
Renato Galvão


  

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